Ao republicar uma matéria jornalística falando do percentual de negros entre os mortos pela polícia, resultado da publicação do último Atlas da violência, recebi um questionamento: “por que vocês não contam os brancos também? , isso é preconceito…” seguido de uma “recomendação” para rever conceitos… .
Como um calejado ativista, estudioso da temática e também um educador, além de ter reconhecida e pública expertise, achei por bem didaticamente explicar a questão. Pois bem, então vamos lá:
Primeiro a pessoa tem que entender o que significa preconceito, depois discriminação, de posse dos dois conceitos deve buscar saber o que de fato é racismo. Com isso dominado vai saber o que é desigualdade racial e portanto qual motivo de se apresentar os indicadores estatísticos das questões que favorecem historicamente um grupo e prejudicam o outro.
Vejamos:
É necessário saber também que não existe preconceito ou racismo “reverso”, por isso é que sempre se denuncia o que é desequilíbrio… e normalmente a partir dos números que atingem os prejudicados principais, ou seja, “contando os negros”.
Podemos no entanto “contar os brancos” sim, e o que qualquer um vai ver é que nas coisas boas eles são sempre em maior proporção e nas coisas ruins eles são sempre menos…, entendeu ? 😉
Vamos “contar brancos” então:
Entenderam caríssimos ? “contar os brancos” não muda a realidade, só evidencia mais ainda a desigualdade, e isso é que deveria importar e indignar, não o fato de se denunciar a desigualdade a partir do indicadores dos negros…
Isso porém não é o pior, ainda há quem mesmo diante de todos esses dados e fatos insista em seguir no discurso da “divisão” sempre que se toca na questão da desigualdade racial.
Não somos nós que denunciamos a desigualdade que “dividimos” seja o que for, são a HISTÓRIA e REALIDADE que já fizeram isso, e é por conta disso os indicadores…, que eles insistem em ignorar para manter um discurso que não sabem mas se chama METARRACISTA (negar o racismo, ou em nome de um falso combate ao racismo, sugerir que não se fale mais dele ou não se tomem medidas para corrigir as desigualdades, deixando tudo como está, isso é trabalhar para o racismo, mesmo que involuntária e insconscientemente).
Você não divide quando coloca negros e índios em uma universidade que era só branca, você UNE, você não divide quando coloca negros no serviço público e em cargos elevados JUNTO com brancos, você UNE, você não divide quando favorece oportunidades para que negros tenham as mesmas condições que brancos e trabalhem juntos em pé de igualdade, morem juntos dividindo bairros de todos os tipos e não apenas bairros pobres…, você não divide quando permite aos índios manterem suas culturas e terras do jeito que eles querem… . A divisão é a realidade, quem quer ver enxerga…
Não é a primeira vez que trato do assunto. Correndo o risco de ser lido como “inoportuno”, “desrespeitoso”, “não solidário” é até “cruel”, já inicio lamentando o ocorrido e pedindo desculpas em avanço à quem assim entender, inclusive à amigos e família da vítima. É que certas coisas são melhores entendidas na comoção e nos momentos extremos, e é esse o caso.
Tempos atrás, os formandos de um Colégio Militar da PM em Manaus prestaram homenagem ao “mito” das classes militar e policial, classes em que igualmente boa parte da população de baixa instrução ou mesmo das endinheiradas, grassa o metafascismo e a ideia infeliz de “Bandido bom é bandido morto”. Que ironia, agora um dos muitos estudantes desses colégios perdeu a vida por conta dessa ideia estúpida de justiciamento, tempos atrás dois policiais a paisana da cidade passaram pelo mesmo.
O grande problema dessa ideia estúpida e do rechaço aos Direitos Humanos, é que se estimula uma polícia violenta no geral, mas não apenas, também a uma população “de bem” adepta do justiciamento sumário. Até esse ponto tem gente aplaudindo e dizendo que “é isso ai mesmo, tem que descer a lenha, se morrer é um bandido a menos”, porém muda quando o “justiceiro” descobre (em geral do pior modo) que ele próprio e seus entes queridos também podem de um minuto para o outro serem tratados da forma que tão imbecilmente defendem, principalmente se são “periféricos”, pretos e pardos e/ou visivelmente pobres.
Eventualmente algum branco com pinta de remediado/rico pode até se tornar “suspeito”, mas a esses sempre assiste o benefício da dúvida, estatisticamente a chance de “ser confundido” e de morrer violentamente nas mãos, pés, paus, pedras e balas de uns ou outros é 200% maior para os de outros perfis, ou seja, se não notou há chances de você ter um enorme alvo nas costas … .
É o ponto de “não se enxergar”, achar que não é negro, ou que é claro, remediado, “de bem” ou “temente a Deus” o bastante para não ser confundido…, uma ilusão que atinge muita gente, principalmente os que julgam que a sua virtuosidade é refletida por um paletó, uma bíblia debaixo do braço, um uniforme militar, um carro bom… que uma hora ou outra não estarão envergando… .
Finalizando, se você é destes que defendem “linha dura” e “detesta direitos humanos”, mude enquanto é tempo e ajude a enfraquecer essa situação que coloca você e os seus em constante risco, compartilhe com quem você sabe que pensa assim, se não é destes compartilhe também, uma hora chega em alguém que precisa refletir e mudar.
Muita gente não entende quando questiono a participação “popular” massiva nas manifestações que estão ocorrendo no país (principalmente a de uma burguesada que nunca fez nada no sentido de reivindicar uma sociedade mais justa, mas que insistem em dizer que o “Brasil acordou” e acham que a sua participação “enche-rua-igual-micareta” é “o máximo da ação revolucionária”, que são praticamente “heróis da mudança” e que é por causa deles e de sua “participação-micareta” que ocorre e ocorrerão mudanças na ordem das coisas, como se nunca ninguém tivesse feito nada antes, nem fosse fazer depois…) .
Não digo que não sejam válidas as manifestações, nem que o envolvimento dos até então completamente inativos, insensíveis e não-solidários que agora se manifestam, seja inútil, o que quero dizer é que os verdadeiros heróis, gente que há anos está lutando por mudanças e estão no cyber-espaço, na ação política não-partidária e/ou modestas manifestações de rua (e sem qualquer solidariedade dos “manifestantes-modinha”), continuam “sozinhos” na luta, continuam invisibilizados na mídia, recebendo um tratamento desumano e repressão com força desnecessária e desproporcional mesmo na mais pacífica das manifestações, enquanto os “modinhas” no meio de uma turba gigantesca (que conta inclusive com vândalos e todo tipo de arruaceiros sem causa), ficam “torcendo” para ver umas bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, spray de pimenta e cassetetes nas imediações (nada muito perto…) só para sentir uma “adrenalinazinha”, essa gente que de fato não tem causa nenhuma, e só vai para rua porque em manifestações com tantas causas e tanta diluição, não se comprometem de fato com nada (só com um vago “contra a corrupção” , “contra os desmandos do governo” , etc…), causas práticas, históricas e de real interesse das tradicionais classes excluídas, nem pensar…, o que vale é pintar o rosto de verde-amarelo, juntar a turma, se meter no meio da multidão e claro registrar os momentos e divulgar no instagram, no face… depois ir para casa dormir com a “consciência tranquila” e a sensação de “dever cumprido”.
Enquanto isso, as manifestações pacíficas (26/06/2013) de grupos que estão há anos na luta (caso da EDUCAFRO nas fotos acima e vídeo abaixo), seguem sem solidariedade das “massas”, sem cobertura bombástica e recebendo tratamento que madames, patricinhas e mauricinhos “rebelados” não recebem…, heróis são esses ai de baixo, não vocês…, e isso não vão ver em TV nenhuma, mas podem ver o vídeo :
Lá se vão anos do sucesso de Jorge Benjor (popularizado na voz de Baby do Brasil (ex-Consuelo) ) e muitos séculos desde que essa máxima era uma realidade.
O tratamento dado pela sociedade envolvente aos indígenas brasileiros hoje, por vezes faz lembrar o dado no Brasil Colônia…,”correrias”, usurpação de terras e riquezas naturais, exploração, falta de respeito pela sua cultura, subordinação sócio-econômica, “catequisação”, desestruturação (introdução de álcool, doenças, desencaminhamento social) e por ai vai… (e de vez em quando alguns boyzinhos aproveitam para “tacar fogo” em algum que se atreva a “dar bobeira” e dormir na rua nos centros urbanos).
Além das rusgas fundiárias de norte a sul do Brasil, violência vinda de fazendeiros insatisfeitos, grupos com interesse em garimpo, etc…, há a luta contra barragens e outras N coisas que afetam vários povos indígenas.
Que os indígenas não gostam da FUNAI (a consideram ineficiente na sua missão) todo mundo sabe, mas agora entre o ruim (A demarcação morosa de terras feita pela FUNAI e o atendimento que desagrada) e o pior (a trasferência dessa competência para o Congresso nacional, que com suas bancadas ruralistas e demais inimigos da causa indígena, é obviamente nada bom para seus interesses) talvez tenham que defender o ruim…
Outdoor de campanha de Educação no Trânsito (Mato Grosso do Sul)
O STF realizou recentemente audiências públicas em função do próximo julgamento sobre a constitucionalidade da chamada “lei seca” em que se manifestaram especialistas e instituições pro e contra (os chamados Amicus Curiae).
Não acompanhei os debates pela mídia, mas desde que foi lançada a ideia da tal “lei seca” , me insurgi contra ela, não pela sua intenção de reduzir acidentes, mortes e ferimentos advindos deles, nem pela associação obviamente verificável entre álcool e tais acidentes, meus questionamentos sempre foram pelos princípios e argumentos que particularmente considero equivocados e pela execução que gera situações absurdas tanto do ponto de vista do direito quanto nas operações práticas.
Não importa a hora do dia ou da noite, estado, cidade, se em área urbana ou rodovias, se condutor habilitado ou não, condutor profissional ou amador, o tipo e número de rodas dos veículos , sexo, idade, cor , experiência ou se algum dos condutores envolvidos bebeu; a grande verdade é que pequenos e graves acidentes ocorrem em todas essas condições e na realidade por um grande e principal motivo A FALTA DE EDUCAÇÃO (e parece que muita gente já entendeu isso, em vários estados já há campanhas relacionadas e até um pacto nacional pela redução de acidentes).
Por falta de educação refiro : não respeitar a sinalização, não seguir as regras de circulação, não realizar direção defensiva, não “ceder a vez ” quando o bom senso e contexto indicam, não respeitar os limites da máquina e do ambiente e principalmente não respeitar os próprios limites (e é ai que entra a “bebida além da conta”, o uso de drogas, a direção sem experiência em vias que assim exigem, direção com sono e por ai vai…) .
Na realidade os causadores de acidentes são os mal-educados (que são assim mesmo quando sóbrios, mas que pioram quando bebem, pois simplesmente bebem além da sua capacidade de se manterem em controle efetivo dos seus reflexos, e principalmente das regras de direção segura); portanto a solução real está em atuar fortemente na educação dos condutores e não meramente na fiscalização truculenta e generalizada para bons e maus condutores indistintamente) ; milhares de acidentes poderiam ser evitados com uma simples ” meia parada” antes de passar por um cruzamento com sinal aberto, por utilizar preferencialmente a faixa da direita (ou retornar para ela logo após uma ultrapassagem) , manter distância segura do carro da frente…, sinalizar corretamente , utilizar faróis de dia, não ultrapassar sem condições muito favoráveis, enfim coisas simples …
O grande problema com a “lei seca” é a falta de razoabilidade (tolerância zero ? ), a não aplicação do princípio da proporcionalidade e o afrontamento claro de princípio constitucional, dou exemplo: se qualquer acusado de crime grave/gravíssimo (já consumado) ou interpelado em situação cuja materialidade das provas é alta (vide recentes acontecimentos no meio político nacional), pode se utilizar do direito constitucional de não produzir prova contra si (por exemplo permanecendo em silêncio) sem ser por tal “punido administrativamente”; qual é justificativa plausível para que um condutor ( que se valendo de mesmo direito )seja então punido “administrativamente” com multa, apreensão de carteira, carro guinchado e posterior abertura de processo criminal ??? e o pior… sem que tenha havido na realidade crime algum, apenas pela simples SUPOSIÇÃO de que ao se negar a fazer o teste do “bafômetro” (etilômetro) PODERIA ter bebido e assim PODERIA (talvez quem sabe ) se envolver em um POSSÍVEL acidente com POSSÍVEIS VÍTIMAS… ; para onde foram a PRESUNÇÃO da INOCÊNCIA ? , a ideia de que o CRIME ocorre a partir da AÇÃO ou tentativa ???; o que a “lei seca” tem feito de fato (ou pretende fazer) é algo parecido com o que ocorre naquele famoso filme de ficção científica “MINORITY REPORT” em que no ano de 2054 em Washigton, uma divisão pré-crime conseguiu acabar com os assassinatos, pois a polícia conseguia visualizar antecipadamente o futuro por meio de paranormais (os precogs), e o culpado é punido antes que o crime seja cometido.
Alem disso algumas incoerências são obvias e ululantes, imagine a seguinte situação, um sujeito toma um copo de vinho no jantar se sente perfeitamente bem e é parado em uma blitz, se fizer o teste será severamente punido (pelo que mesmo ? ) se recusar também será … (se correr o bicho pega , se ficar o bicho come), na sequência outro carro em que o motorista não bebeu nada, mas consciente do seu Direito constitucional de não soprar bafômetro, também se recusa , resultado PUNIDO (por ter exercido um direito), no carro logo atrás vem uma turma que consumiu drogas a noite toda, o motorista está “chapado” mas é abstêmio e consegue manter razoavelmente as aparências… sopra o bafômetro e… LIBERADO; portanto o ideal não é a utilização do bafômetro como instrumento de verificação das condições de reflexo e consciência do condutor, mas sim outros testes (também voluntários) aplicados apenas aos que apresentarem suspeitas ou sinais claros de embriaguês ou entorpecimento, a vantagem é que com isso pode-se verificar a condição real e pessoal de cada um, se quem bebeu uma taça de vinho ou o que seja demonstra não estar “comprometido” e não causou nenhum problema, por qual motivo deveria ser exemplarmente punido ????
Enquanto isso a “indústria de multas” cresce…, as “bizarrices” idem, como a exemplo do caso do carro oficial do Poder Judiciário do RJ cujo motorista conduzia um Desembargador e foi parado em uma blitz da lei seca, gerando bate-boca, voz de prisão para o oficial comandante, guinchamento do carro, delegacia, etc… ; isso é “razoável” ???, absolutamente necessário ???, qual era a REAL PERICULOSIDADE para a sociedade ????; não se trata de defender a ideia de que alguns estão “acima da lei”, em absoluto, mas não seria mais lógico “economizar bafômetro” ou outros métodos para aqueles casos em que está “bem obvio” a inexistência de condição para uma direção segura ???
Penso portanto, que seria muito mais eficiente investir na Educação dos atuais e futuros condutores, através de cursos de direção defensiva, campanhas contra maus hábitos, incentivos como dedução no licenciamento de veiculo e prêmios para condutores exemplares e principalmente PUNIÇÃO EFETIVA E EXEMPLAR PARA CAUSADORES DE ACIDENTES GRAVES (embriagados ou não), ai sim veremos um bom resultado.
Com o julgamento pelo STF favorável à constitucionalidade de se utilizar o critério “racial” nas cotas, todas as outras ações contrárias as cotas (inclusive as outras no STF) na prática perderam o objeto, estarão em julgamento mas meramente pró-forma, já que a mais complicada e defendida pelos “pesos pesados” era essa, as demais deverão seguir o mesmo entendimento.
A luta porém continua; a campanha para que mais universidades adotem o sistema, o fomento à permanência na universidade, a questão da pós -graduação (que é mais complicada ainda que a graduação), a empregabilidade dos egressos, o equilíbrio no serviço público e maior acesso aos escalões mais altos da pirâmide social e do poder.
Além desses, existem vários outros problemas que afligem a população negra, como o verdadeiro genocídio de jovens negros pela violência marginal ou policial, a questão de gênero (mulheres negras), saúde da população (atendimento não discriminatório, programas voltados para as doenças prevalentes com anemia falciforme e diabetes…), o combate à intolerância religiosa , a questão quilombola , a discriminação velada e as demonstrações explícitas de racismo, entre outros.
A resolução da maioria dos problemas citados passa pela efetivação e regulamentações complementares ao ESTATUTO DA IGUADADE RACIAL, que mesmo aprovado com tantos cortes promovidos justamente pelo DEM (que obteve a relatoria do estatuto no Senado e que já demonstrou claramente ser inimigo ( não declarado mas óbvio) dos avanços para a população negra), conseguiu conservar as diretrizes e fundamentos para a formulação e implementação de tais políticas públicas de equalização.
Imagem "emprestada" de um site anti-violência contra a mulher...
Com certeza quem costuma ler meus escritos deve estar estranhando o tema, mas na realidade não estou enveredando por uma nova temática e saindo das minha temáticas costumeiras, estou apenas dando foco em uma das muitas facetas decorrentes da questão.
Hoje pelo facebook, fui levado a um grupo de discussão que tem como intuito tratar a questão de gênero e violência contra a mulher, a imagem que ilustra o post foi “foto do grupo ” (imagem simbólica) escolhida pela mantenedora, para refletir a temática; um homem negro subjugando uma mulher branca de mãos atadas, para muita gente essa seria uma imagem “perfeitamente natural” para simbolizar de forma genérica a violência contra a mulher, mas ficam as perguntas : 1) Seria mesmo ? , 2) Não há uma forma de preconceito e discriminação sendo utilizada na tentativa de chamar a atenção para uma outra ? .
Uma coisa é certa, a imagem em questão não foi feita para o contexto em que foi utilizada…, parece mais relacionada a uma fantasia sexual muito recorrente (basta dar uma vasculhada básica em contos eróticos disponibilizados aos montes pela web) entre mulheres (notadamente brancas), em que as mesmas seriam raptadas, subjugadas e violentadas por homens “rudes, fortes, bem-dotados e obviamente marginais” que não por acaso seriam também negros …; mas afinal, de onde vem isso ? , quais os motivos ?; é o que tento destrinchar na sequência.
Não é preciso ser psicólogo para saber que sonhos e fantasias tem muito a ver com traumas, frustrações, medos e conceitos introjetados ao longo da vida, mas também desejos reprimidos ou não, expectativas não realizadas ou mesmo experiências positivas e negativas.
Pois bem, há quem defenda que enquanto integrante do reino animal, o ser humano não está isento da programação primária reprodutiva, os instintos animais mais elementares estão lá guardados no DNA e no fundo de nossas mentes, o que nos diferencia dos chamados animais irracionais é a capacidade de invenção e nos pautarmos por códigos culturais e sociais muito mais elaborados, ou seja, todos temos dentro de nós “bestas-feras” (seriam os tais INNER MONSTERS a que se refere a Psicologia ?) devidamente “neutralizados” (pero no mucho…), sendo assim, o desejo de ação sexual primária e tosca é um componente natural da psique, mas sobreposto pelo “EU elaborado” e pelo “EU moralizado” (vide o conceito de ID, EGO e SUPEREGO).
A psique femininina primitiva foi “preparada” para o homem primitivo, anseia por ele, mas as camadas “superiores” anseiam por outras coisas cultural e socialmente introjetadas, trocando em miúdos, mulheres buscam conscientemente por gentlemen, mas inconscientemente por trogloditas… .
É ai que entra o racismo “inconsciente”; levadas pelo contexto histórico racista que atribuiu aos negros em geral (mas principalmente aos homens) características de inferioridade moral e intelectual, mas também características físicas e de vigor exarcerbados, além de uma real marginalização a que foi submetido majoritariamente o grupo negro (gerando além de alguns marginais (criminalmente falando), obviamente uma falsa imagem generalizada e estigmatizada), muitas mulheres brancas (e também muitos homens) construiram em suas mentes o “troglodita perfeito”, que se manifesta nas erupções do inconsciente em forma de sonhos e fantasias eróticas, ou seja, mentes com racismo introjetado, manifestam o mesmo até nos desejos mais recônditos.
Voltando então à questão do uso indequado da imagem no contexto que foi utilizada; não é correta pois boa parte (se não a maior) da violência física contra a mulher se dá no ambiente doméstico, e esse no Brasil é predominantemente endogâmico (no caso dos brancos supera 80% , ou seja, mulheres brancas majoritariamente tem companheiros também brancos), pelo lado da violência não doméstica também não é correta, pois também não há nada que comprove (pelo menos desconheço) que a maioria dos violadores (que é o que dá a entender a imagem) sejam homens negros e as vítimas mulheres brancas (ou será que mulheres negras também não sofrem violência e homens brancos também não a praticam ? ), aceitar passivamente a “naturalidade ” da imagem no contexto em que foi utilizada, revela o quanto de mentalidade racista está introjetada em quem “não vê nada demais” na mesma; por qual motivo não se colocou um homem branco e uma mulher branca como protagonistas simbólicos ?, ou mesmo uma mulher negra e um homem branco como vilão ? (muito mais coerente com a história de violência contra a mulher no Brasil ? ) ; é preciso que as pessoas que combatem um determinado tipo de preconceito e discriminação, entendam, sejam solidárias e combatam todos os outros tipos também.
Para “fechar” as reflexões pertinentes à semana do 13 de maio, vamos refrescar um poucoa a memória recente dos brasileiros, principalmente daqueles que não acreditam em racismo e para os quais as fatalidades ou “dificuldades” enfrentadas pela população negra não passam de meras coincidências :
2004 – Dentista recém-formado assassinado por PMs, “confundido” com ladrão
2006 Servidora de Tribunal e avó de dois netos, tem casa invadida por PMs, é arrastada com uma “gravata” de dentro de casa e constrangida em delegacia e hospital.
O que todas vítimas de tanta violência policial e “patrimonial” tem em comum ? além de serem pessoas de bem, sem passagem pela polícia e sem “perfil de bandido”… , por “COINCIDÊNCIA” são todos (ou eram) PRETOS…, como esses há muito e muitos outros casos, ocorridos sem grande alarde na imprensa.
Ah… !, talvez apenas por outra “coincidência”, sejam jovens negros as principais vítimas de homicídio (tanto por bandidos quanto por excesso policial) 74,8 para cada 100 mil habitantes contra 41,8 para cada 100 mil habitantes no caso de jovens brancos…(quase o dobro).[http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5116&Itemid=1]
Talvez por “coincidência” todos os indicadores sociais indiquem prejuizo para os afrobrasileiros, na questão da empregabilidade, carreira, da educação, moradia, saúde, intolerância religiosa, participação política e social…, enfim, já está bem chato… essa “coincidência resistente e ampla ” , hora de mudar o jogo.
Para "fechar" as reflexões pertinentes à semana do 13 de maio, vamos refrescar um poucoa a memória recente dos brasileiros, principalmente daqueles que não acreditam em racismo e para os quais as fatalidades ou "dificuldades" enfrentadas pela população negra não passam de meras coincidências :
O que todas vítimas de tanta violência policial e "patrimonial" tem em comum ? além de serem pessoas de bem, sem passagem pela polícia e sem "perfil de bandido"… , por "COINCIDÊNCIA" são todos (ou eram) PRETOS…, como esses há muito e muitos outros casos, ocorridos sem grande alarde na imprensa.
Ah… !, talvez apenas por outra "coincidência", sejam jovens negros as principais vítimas de homicídio (tanto por bandidos quanto por excesso policial) 74,8 para cada 100 mil habitantes contra 41,8 para cada 100 mil habitantes no caso de jovens brancos…(quase o dobro).[http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=5116&Itemid=1]
Talvez por "coincidência" todos os indicadores sociais indiquem prejuizo para os afrobrasileiros, na questão da empregabilidade, carreira, da educação, moradia, saúde, intolerância religiosa, participação política e social…, enfim, já está bem chato… essa "coincidência resistente e ampla " , hora de mudar o jogo.
Trata-se de uma "camisinha feminina" colocada na vagina como um tampão, não ficando portanto aparente, mas a Rape-aXe conta com uma interessante e "cruel" peculiaridade…, é anti-estupro e possui farpas internas que se enterram no pênis do estuprador no primeiro movimento de "saída", causando um enorme "desconforto".
A "camisinha que morde" foi inventada na África do Sul em 2005 por Sonnet Ehlers, uma sul-africana cansada de testemunhar casos de atendimento pós-estupro em números elevados e crescentes.
E não fica só por ai, além de "cortar o barato" do estuprador logo de início, o artefato fica preso e só pode ser retirado cirurgicamente, o que leva à fácil identificação e prisão do agressor.
Apesar de não evitar o assalto sexual e penetração inicial, a "camisinha que morde" já começa marcando pontos pelo psicológico, em uma determinada cidade por exemplo, tão logo começou a ser divulgada, reduziu a zero por 3 meses os estupros, que tem se mantido em números reduzidíssimos, na dúvida os potenciais estupradores tem preferido não arriscar.
Outra vantagem é em ocorrendo o assalto sexual, evita a contaminação por HIV e outras doenças ou gravidez, situação comum nesses casos; e como já dito facilita a identificação do criminoso.
Para a copa de 2010 na África do Sul, essa é uma das grandes apostas para reduzir a violência sexual.
Por outro lado…, fico pensando no "uso reverso" que mulheres "mal-intencionadas e vingativas " poderiam fazer da "mordedora" com por exemplo "maridos infiéis" ou violentos…; também dá para imaginar o inusitado "mico" de alguém chegando em um pronto-socorro com uma dessas presa no dedo…, mas podia ser muito pior…