Blog do Juarez

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Neoativistas viram as baterias para Daniela Mercury

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Depois da cantora Anitta, o alvo vira Daniela Mercury. Esses neoativistas  dos comentários continuam matando a velha guarda de vergonha… (vide matéria). Black face não é simplesmente simular uma pessoa negra usando cabelo falso e escurecendo a pele. É antes de tudo a forma e motivação pela qual se faz isso.

O black face tem exagero, ridicularização…, pele preta cor de pneu, lábios exageradamente grossos e caricatos, detalhes risíveis, basicamente o black face é um alegoria de palhaço.

Pode ser também uma situação como a vivida pelo ator Sérgio Cardoso na novela  “A Cabana do Pai Tomás” em que o ator se faz passar por um negro quando poderia-se perfeitamente haver um ator verdadeiramente negro. 

A Daniela não fez black face, o contexto é bem outro, tanto que estava apoiada por gente que entende do riscado… .

Blackface é isso aqui ó:

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O desmonte das políticas públicas de Gênero e Raça…, a SEPPIR diz o quê ?

Gostaríamos de perguntar para a Sra. Luislinda Valois, Secretária de Igualdade Racial do Ministério da Justiça (no governo democraticamente eleito e derrubado mediante golpe parlamentar, tínhamos um ministério com tais atribuições, porém consoante a importância dada no atual governo questionado, foi o mesmo reduzido a secretaria dentro do MJ); primeiro, para que serve mesmo essa Secretaria ?; segundo, será tomada alguma providência ? ; terceiro, a Secretária está de acordo com a política de desmonte promovida pelo Governo Temer ?

Caso I

A absurda normatização sobre as medidas antifraude das cotas raciais nos concursos públicos. Norma tão equivocadamente colocada que já provocou a reedição da antropologia física lombrosiana no edital do IFPA:

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Caso II

Nota Pública sobre a extinção da Coordenadoria de Gênero e Raça do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)

” A Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra do Distrito Federal e Entorno do Sindicato dos Bancários de Brasília (CVN/SBB), vimos externar publicamente nosso profundo repúdio à recente iniciativa da direção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de extinguir sua Coordenadoria de Gênero e Raça.

Nas duas últimas décadas, o Ipea consolidou-se como referência na produção de pesquisas sobre a questão racial no Brasil, assumindo o protagonismo nessa temática no âmbito do Governo Federal. Um importante grupo de pesquisadores vinculados à esta coordenadoria vinha se dedicando ao estudo das políticas de igualdade racial bem como do próprio papel do racismo e de seus desdobramentos na construção da sociedade brasileira. O relevante esforço desses técnicos foi responsável por um conjunto de trabalhos referenciais para o aprofundamento do debate sobre a questão racial no Brasil.

Ao diluir a Coordenadoria de Gênero e Raça em uma seção genérica, que passa a cuidar de temas variados como a questão dos idosos, da juventude, entre outros, a Diretoria do Ipea sinaliza para a sociedade a intenção de mitigar e desvalorizar a relevância da questão racial.

Essa mesma estratégia, lembremos, foi utilizada quando da recente extinção do Ministério da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos, em um verdadeiro retrocesso, na tentativa de invisibilização da temática racial em nosso país.

Cientes da relevância e da centralidade da questão racial na construção e estruturação da sociedade brasileira, reiteramos nosso veemente descontentamento com a atitude retrógrada e conservadora da Diretoria do Ipea.

Brasília, 05 de setembro de 2016 ”

Até onde irá esse desmonte ?, nossos ganhos duramente conquistados em décadas de lutas, estão se esvaindo em meses, com meras canetadas antidemocráticas. Pena uma biografia tão respeitável ser colocada a serviço dessa máquina de desmonte, porém acreditamos na sinceridade de intenções e compromisso demostrados ao longo de toda uma vida.

Ainda é tempo de com o único ato possível em um contexto como esse, não entrar para a História como parte integrante e consciente de um episódio triste a ser escrito e lido em não muito tempo,  como um dos mais vergonhosos da nação brasileira… .


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Macacos, bananas e mais um negro…

A polêmica gerada pelo caso dos pais que fantasiaram para o carnaval o filho adotivo negro como o macaquinho da historinha do Aladdin, revela o desconhecimento e despreparo para tratar de questões raciais (incluindo o combate ao racismo) no contexto brasileiro e cotidiano, não apenas por parte dos pais do garoto, mas também de muita gente que anda comentando nas redes.

Gente que minimiza o fato e diz ser “exagero” de quem se manifestou contrário à infeliz ideia dos pais “ingênuos” e chamando à uma reflexão sobre o problema .
Um curso básico de relações raciais deveria ser disciplina e condição obrigatória para candidatos à adoção de crianças negras. Esses “pais do Abu”, que pelo jeito vivem no país sem racistas/racismo imaginado por Ali Kamel, decididamente não estão preparados para ter e educar uma criança negra no Brasil… .

Eu entendo que os maiores aliados do racismo são o desconhecimento, a ingenuidade e a tergevisação… .

Não é possível à qualquer um minimamente consciente sobre a questão racial brasileira e o racismo brazuca, ignorar que juntar negro/negra e macaco/macaca na mesma frase ou pessoas negras e qualquer alusão a macaco é ofensivo e vai dar M* (caso não seja em crítica à prática), exemplos recentes e polemização difundida largamente na rede é que não faltam.

Não é o caso de “linchar virtualmente”, exigir a “desadoção” ou o que o valha, e obviamente esses pais não são “racistas juramentados”, mas ao serem “ingênuos” colaboram com o racismo e o perpetram “sem saber ou querer”… .

De duas uma, ou eles caem na real e vão estudar a questão a sério para evitar essas ciladas e poder lidar corretamente com os problemas que virão no futuro (sim eles virão mais cedo ou mais tarde para todo negro ou negra, de uma forma ou de outra) ou prevejo uma criança/rapaz que não poderá contar com os pais na hora que ele mais precisar … .


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De volta ao “cotista branco” do Itamaraty.

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Mathias Abramovic, Médico e candidato cotista ao curso de Diplomata do Itamaraty

O caso já foi polêmica em 2013  e retorna com a nova candidatura de Abramovic (no final do texto tem link detalhando o caso), sei também que meu posicionamento não bate com o de muitos ativistas do Movimento Negro, talvez mesmo da virtual totalidade dos colegas do MN, mesmo assim não posso deixar de apresentar o meu entendimento.

Em políticas afirmativas está prevista e é consagrada a autodeclaração…, quando entendemos e acolhemos que Negro (ou afrodescendente na terminologia consagrada pela redação oficial da ONU) é diferente de Preto (fenótipo característico da maioria dos povos africanos e descendentes sem óbvia miscigenação), temos que tecnicamente é Negro todo aquele que descende integral ou parcialmente de africanos escravizados e traficados para o novo mundo…, no Brasil, para fins censitários desde 1872 e de políticas públicas mais recentemente, são oficialmente parte da população negra (portanto negros), todos que se autodeclaram pretos e pardos .

Normalmente essa origem africana/negra é “denunciada ” pelo fenótipo, mas nem sempre…, o brasileiro tende a ter um conceito muito “elástico” de “pessoa branca”, o que faz com que  muitos afrodescendentes “de fronteira” (miscigenados muito claros) sejam vistos e se vejam como “brancos” (quando na realidade são apenas “claros”), são os chamados “brancos sociais”, mas mesmo entre esses, há os que conhecendo suas origens, ao contrário de as negar, as afirmam (até porque com isso são pouco ou nada estigmatizados, já que no Brasil o preconceito é fundamentalmente de “marca” não de origem, vide ORACY NOGUEIRA ) .

Partindo do princípio que as ações afirmativas de cunho “racial” são motivadas não apenas pelo racismo deflagrado pelo fenótipo ostentado e diretamente direcionado ao indivíduo, se apresentam também e principalmente pelas condições familiares histórica e socialmente prejudicadas enquanto descendentes de escravizados (fato que altera o coeficiente de mobilidade social e competitividade em disputas universais), temos então que, menos pelo tom de pele (e a afrodescendência admite muitos), mas principalmente pela condição comprovada de afrodescendente e herdeiro natural tanto do processo de prejuízo histórico-familiar da população negra, quanto do direito de reparação, que um candidato é habilitado a pleitear as AAs de recorte “racial”… .

Lógico que em não havendo a “marca”, muito menos os problemas decorrentes dela, seria de bom senso e consciência ética, que não se apelasse para uma ação que visa não apenas oportunizar os candidatos inequívocos e óbvios do recorte, mas também modificar a “coloração perceptível” em determinada situação afirmável, porém,  o Direito socorre a todos os afrodescendentes de fato (e tornamos a lembrar que “claro” é diferente de “branco”)  e que assim se autodeclarem.

Entenda o caso aqui: http://noticias.r7.com/brasil/medico-branco-se-declara-cotista-para-prova-do-itamaraty-24072015


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A nova mancada do Neymar

neymar100%-Jesus

Antes de mais nada é bom avisar que não se está discutindo a religiosidade do jogador Neymar, não se está discutindo o direito à manifestação religiosa, não se está fazendo “julgamento”, “crítica anticristã” ou qualquer coisa que obliterados por uma religiosidade cega e não crítica possam enxergar como “ofensa”, “perseguição” , “cristofobia” ou o que o valha…, portanto fique claro, NÃO ESTAMOS FALANDO DE JESUS NEM DE FÉ (e não pretendemos falar, portanto comentários nesse sentido não são pertinentes à discussão nem nos interessam).

Nos últimos tempos, o pódium das polêmicas brasileiras, tem dois personagens que estão sempre presentes, Neymar e Luciano Huck …, é  fantasia de Kong, banana, camiseta “somos todos macacos”, camiseta “vem ni mim” para crianças, recusa a participar de distribuição de presentes à crianças em um Lar Espírita, enfim…, um monte de “bolas fora” por conta de visões equivocadas, talvez mal assessoramento, preconceito e “falta de noção” mesmo.

A última foi a polêmica faixa ou bandana “100% Jesus” apresentada após o encerramento de um jogo de futebol na europa,  a FIFA desde 2009 por motivos óbvios vetou manifestações religiosas durante jogos, não para “oprimir” ou “cercear a fé”, mas por serem os jogos eventos esportivos, não eventos religiosos, e pelo fato de historicamente religião ter sido motivo de cisânia, guerra e desavenças entre e dentre povos do mundo todo, natural portanto retira-la de um contexto onde se busca justamente o contrário.

Ocorre que ao utilizar  o famoso “100%”, Neymar utilizou a “ferramenta errada”, pois o “100%” foi criado e é utilizada no contexto  dos movimentos de PRIDE (orgulho), ou melhor ORGULHO AFIRMATIVO, que nada mais é que apoio à causas e recortes sociais estigmatizados, discriminados e/ou em situação calamitosa…,  e é por isso que se vê por ai  “100% Negro” , “100% LGBT”, “100% Quilombo”, “100% Nordestinos”, “100% Maria da Penha”, “100% Professor”, ou seja,  não quer dizer que a pessoa seja “completamente” aquilo, mas que ela está COMPLETAMENTE A FAVOR DAQUELE GRUPO OU CAUSA, e deve ser sempre uma causa minoritária (ou de grande interesse coletivo) que necessita AFIRMAÇÃO (ação de resgate e valorização social e emponderamento).

Portanto, apenas se afirma com o “100%” as situações acima e similares, NUNCA situações majoritárias e de poder já estabelecido ou supremacistas (e em geral também opressoras) , por tal motivo  é que é errado e absolutamente desnecessário AFIRMAR o que já está  tradicionalmente “por cima” ou não visa a integração mas ao contrário, exemplos “100% Branco”, “100% Latifúndio”, “100% Zona Sul do Rio” , “100% Country Club”, “100% Sulista”, “100% Apple” e por ai vai… pois isso não é orgulho afirmativo, isso é “ORGULHO BESTA”, supremacista…  .

É por isso que a faixa do Neymar está gerando mais essa polêmica, pois não cabe em causas que precisariam ser afirmadas, como 100% Acre ou Amazonas (por conta das vítimas das enchentes) ou coisa semelhante, o que ele entendeu como “agradecimento” pareceu justamente ao contrário de orgulho afirmativo, ou seja,  ação proselitista (imposição da fé já majoritária cristã, sobre outras).

Portanto a “mancada”, não foi ter demonstrado fé, agradecido ou ter impresso e exposto isso, mas a forma que escolheu para fazer isso…


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A polêmica do banheiro público e as novas resoluções pro LGBT

Assistimos ultimamente no rastro do reacionarismo e antipetismo radical (e porque não dizer majoritariamente irracional ? ),  que assola o país, e em especial as redes sociais, um sem número de postagens e publicações que descaradamente deturpam notícias e fatos e forjam factóides, com a clara intenção de causar indignação e açodar o sentimento reacionário e principalmente antigovernista; o grande problema é para isso se utilizam de meias-verdades, completas-mentiras, conceitos errôneos e absurdização terrorista,  tudo prontamente reproduzido integralmente e sem maiores análises críticas,, por quem está ideologicamente afinado com o “antipetismo incondicional’,  afinal o que interessa é “atirar no PT e no Governo”, se por motivo justo e baseado em verdades ou  mentiras e deturpações pouco importa… .

Dessa vez o mote são as resoluções recentemente assinadas pela Presidente da República, relativas a população LGBTT,  uma delas determinando que estudante pode usar banheiro de escolas e universidades públicas ou privadas segundo sua identidade de gênero, garantindo também à  comunidade trans o  uso de nomes sociais e uniformes de acordo com sua identidade.

A deturpação começa ao desconsiderando o conceito de gênero, levar as pessoas a crer que isso institui o uso indistinto dos banheiros, ou o compartilhamento dos banheiros femininos por mulheres e toda sorte de gays, ou de quem assim se declare ao acessar e ser questionado pela presença. vide (http://www.cabralarrependido.com.br/2015/05/agora-e-lei-lgbt-podem-escolher-qual.html?spref=fb ), continua ao sugerir que seria uma nova regra geral extensível a todo tipo de banheiro público, apelando para uma sensação de “insegurança que se instalará” pondo em perigo mulheres e filhas… ..

Obviamente que a coisa não é por ai…, algumas mulheres compreensivelmente a partir dessa deturpação demonstram preocupação em ter sua privacidade e “segurança” ameaçada por “homens” em seus banheiros, o que não se justifica, pois a resolução fala em acesso conforme identidade de gênero e não “livre para todo homossexual” (que são coisas distintas…), ou seja, não se concebe ter “marmanjos” que por simplesmente se declararem “gays” (ou até o serem verdadeiramente) “pre-autorizadamente invadiriam” os banheiros femininos…, do que se está falando aqui é de pessoas TRANS, ou seja, que possuam “feminilidade” (ou masculinidade no caso dos trans masculinos) tão alta, a ponto de nem serem percebidas de forma “diferente” ou em geral deixando boa “dúvida”, abaixo alguns exemplos femininos:

Trans

É muito provável que a maioria das mulheres já tenha estado com um Trans no banheiro sem nem perceber…, é claro que nem todas as trans “passam” facilmente (não são identificáveis como, à primeira vista ou contato), as travestis por exemplo, são bem mais óbvias, mas o “nível de feminilidade” não se confunde com o de alguém meramente “se fazendo passar por” ou verdadeiramente gay,  para quem se preocupa com “ataques sexuais”, “casquinhas” e “eventuais constrangimentos”, sem querer ser generalizador é bom lembrar que é muito mais provável que isso aconteça vindo de uma lésbica (que como mulher frequenta normal e sem maiores problemas o banheiro feminino…) do que vindo de uma trans…, portanto argumentar “perigo” ou “inconveniência” no acesso de trans é no mínimo falacioso .

As reivindicações dos movimentos LGBTTs não são novas e a legislação relativa não é “novidade” nem “invenção ou exclusividade” do PT…, no Amazonas (que nunca foi governado pelo PT) por exemplo existe a Lei N. 3.079, de 02 de agosto de 2006 que DISPÕE sobre o combate à prática de discriminação em razão de orientação sexual do indivíduo, a aplicação das penalidades decorrentes e dá outras providências,  outro ponto é a confusão que normalmente se faz nos conceitos relacionados a temática, como a mera orientação sexual e a identidade de gênero, entre Gay e Transgênero/transexual, conceitos claros para quem tem alguma entrada nos estudos de gênero, mas não para todo mundo…, o banheiro comunitário é cultural e historicamente separado por gênero (que em um paradigma tradicional e binário é masculino ou feminino), ocorre que gênero nem sempre coincide com o sexo biológico, não se trata de “unificar” banheiros mas de garantir o acesso por gênero sem discriminação pelo sexo…, uma pessoa trans feminina por exemplo, não é “gay” (pessoa que se atrai por pessoa do mesmo sexo) ela na realidade tem um sexo biológico desconforme com sua real identidade de gênero, em outras palavras, é uma mulher psicologicamente, mas tem uma configuração anatômica de homem e vice-versa… .

Nem mesmo nos ambientes GLS é comum a ideia de “banheiros únicos”, porém é convenção que as pessoas do gênero feminino (independente do sexo biológico) utilizem o mesmo banheiro…  idem no caso do banheiro masculino porém com menor ocorrência, está franqueado para pessoas trans de gênero masculino.

A questão portanto, está no perfeito entendimento do que é gênero e o que é sexo…, a ideia de  que “o costume consolidado é que evolui para a aprovação da norma jurídica” não é plena, as vezes é o estabelecimento da norma, que determina a alteração no costume generalizado, e estamos vivenciando o momento em que tais alterações de costumes em relação a população LGBTT estão em consolidação, porém devido a uma resistência que na realidade se baseia mais no preconceito que na razoabilidade e tolerância, se exige que por via da norma jurídica, seja garantido o direito social de quem apesar de psicologicamente pertencer a determinado gênero, está “aprisionado” em uma conformação sexual distinta… .

A ideia de segregar  LGBTTs a um banheiro específico, também não se mostra justa, uma vez que em um paradigma tradicionalmente binário de gênero (feminino ou masculino) privar uma pessoa de vivenciar (ou ao menos tentar) plenamente o seu real gênero (o psicológico), é impedir um Direito Humano, portanto não faria sentido fazer “serviço pela metade”, reconhecer o direito a auto-identificação de gênero, ao nome social relativo, à não discriminação pelo gênero, mas negar o acesso a um espaço gênero-relacionado… .

Para visualizar  a notícia em termos mais precisos: http://oglobo.globo.com/sociedade/aluno-pode-usar-banheiro-de-escola-segundo-sua-identidade-de-genero-diz-diario-oficial-15572473


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JB e nova polêmica, assunto do momento

opinião-equilibradaSempre digo que por motivos óbvios não discuto magistratura (principalmente a alta :-)), que eu me lembre sempre que emiti opinião que envolvesse diretamente magistrados não foi em função da atuação em processos, conduta profissional ou o que valha, quando muito como simples cidadão comentei ataques pessoais e coletivos contra situações pessoais de figuras públicas que por um acaso são da magistratura… mas poderiam ser de qualquer outra esfera de poder (ou não).

Continuo não me imiscuindo diretamente  em tal tipo de picuinhas e discussões, mas admiro quem o faz de forma serena e equilibrada, praticamente imparcial, tenho observado que o comentarista político da Rádio CBN, Kennedy Alencar é um dos poucos que o tem feito dessa forma, não endosso nem “desendosso” a opinião em si, minha análise de mérito é em relação ao estilo e ao equilíbrio e fundamentação para oferecer ao ouvinte um bom panorama sobre o qual se possa refletir para a formação da própria opinião, pouca paixão, tendência controlada, bom senso e respeito,  vale a pena se informar assim :

Ouvir o  Podcast:


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Polêmica sobre jurado cego não foi adiante, pensamento inclusivo venceu.

justica O 2º Tribunal do júri do TJAM é o segundo do país a ter um deficiente visual incluído entre seus jurados.

O jurado que é servidor público e bacharel em Direito pós-graduado, foi selecionado entre mil possibilidades, só não detectaram inicialmente que era um deficiente visual…, a polêmica quase se instalou, mas foi abortada pela anuência do juiz, do promotor e do presidente do TJAM, que consideraram que não haveria prejuízo e seria uma grande oportunidade de fazer uma ação inclusiva, foram providenciadas cédulas em braile e o jurado poderá votar sem problemas.

Eu mesmo cheguei a ouvir comentários negativos e contrários à inclusão, entre os argumentos foi alegado que o jurado precisava “sentir” plenamente o clima do julgamento, “ver” e ouvir a atuação da defesa e da promotoria, “ver” o réu, “sentir” nos olhos dele a culpa ou inocência… .

Contra-argumentei que essa era uma visão completamente equivocada das qualidades necessárias para ser jurado; muito pelo contrário, o jurado deveria ser menos “sentimental/sensorial” e mais técnico…(e sendo alguém com formação jurídica melhor ainda), o convecimento deveria ser baseado no conjunto probatório/testemunhal (que não precisa ser visto, mas descrito e validado) e no caso a cegueira em nada prejudicava a capacidade de concatenação lógica dos elementos do julgamento (entre eles as manifestações de acusação e defesa), aliás penso ser até benéfico, já que o convencimento não é turvado por informações “visuais” falaciosas que podem induzir à “sentimentalização” da decisão em detrimento da racionalização.

Afinal, se “a justiça é cega”, por qual motivo o jurado não pode ser ???


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O chato da História é que ela insiste em se repetir…

A FALSA MODELO NEGRA PUBLICADA NA REVISTA NUMERÓ (Foto: Reprodução)

A FALSA MODELO NEGRA PUBLICADA NA REVISTA NUMERÓ (Foto: Reprodução)

A frase do título encerra uma verdade praticamente absoluta, vira e mexe, passado muito tempo (as vezes séculos ou milênios) alguém tem a “brilhante” idéia de ressucitar alguma prática ou ação nociva que deveria ter ficado para sempre no passado .

Uma matéria da revista Marie Claire expõe mais um desses “revivals”, em que uma modelo branca é pintada de escuro, para representar um conceito de belo que remete à África, a revista francesa citada na matéria (não é a própria Marie Claire) responsável pelas fotos, após uma onda de protestos pediu “desculpas” públicas pelo fato,  e obviamente o fato está gerando boa polêmica, com gente se manifestando contra o fato gerador da situação e minimizando o pedido de desculpas e outras achando que o fato gerador “não tem nada de mais”, que a revista “não tem do que se desculpar” e que os reclamantes estão vendo “pêlo em ovo” .

Ocorre que para entender a polêmica é preciso visualizar algumas coisas:

1- Houve um tempo em que personagens negras eram interpretadas por pessoas brancas e pintadas de preto, pois era inconcebível que um negro de verdade fizesse sucesso como protagonista com seu talento e recebesse por ele…, exemplos clássicos foram o comediante americano Al Jolson e seu legendário filme “The Jazz Singer”  e o ator brasileiro Sergio Cardoso que interpretou o personagem principal da novela “a cabana do Pai Thomás” (papel que deveria ter naturalmente sido dado ao ator negro Milton Gonçalves, mas não o foi por imposição da agência de publicidade Colgate-Palmolive, uma das subsidiárias norte-americanas que patrocinavam a produção de tramas nacionais nos anos 60)

Personagens negros de Al Jolson e Sergio Cardoso respectivamente

Personagens negros de Al Jolson e Sergio Cardoso respectivamente

2- O padrão estético dominante no mundo da moda e na sociedade é eurocêntrico…, o idealizador pode ter desejado passar uma ideia de beleza africana, sem contudo abrir mão de valores estéticos europeus como um nariz afilado, um lábio fino, ou uma magreza idealizada (que não condiz com o valor estético africano em geral, que favorece mulheres “robustas”); o eurocentrismo, que enfatiza como positivo quase que exclusivamente os valores culturais e estéticos europeus (ou seja brancos) é a base do racismo.

Alguns “inocentes” acostumados a não ver racismo em nada e achar “paranóia” de quem reclama de algo relacionado, enxergam a coisa como uma “homenagem” à beleza negra, ou mesmo um manifesto “artístico” mostrando que somos na realidade diferenciados apenas por um tom de pele, enquanto outros, já escolados  com as artimanhas do racismo (que não termina, mas assume formas cada vez mais sutís e veladas) enxergam a coisa simplesmente como uma “puxada de tapete” racista, já que poderia estar se beneficiando do trabalho que “vende” uma imagem de beleza negra, uma modelo negra de verdade ao invés de uma modelo branca pintada… .

Enfim, na realidade, nada de novo no front…

Link para a matéria da revista:

http://revistamarieclaire.globo.com/Moda/noticia/2013/02/revista-francesa-se-desculpa-por-colocar-falsa-modelo-negra.html


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Para quem ainda não entendeu a polêmica em torno de MONTEIRO LOBATO

Monteiro Lobato, a personagem Tia Anastácia e o livro

Muita gente ainda não entendeu a  polêmica em torno da retirada de determinadas obras do escritor  Monteiro Lobato (voltadas para o público infantil) do PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola), programa do MEC que compra livros com dinheiro público e fornece para as escolas.

São duas as  principais questões :

1- A maioria dos brasileiros não-negros tem grande dificuldade para entender e enxergar o que de fato é o racismo, pensam inclusive que não são racistas pois entendem que racismo é apenas aquele violento, intolerante e no qual se assume abertamente o antagonismo com relação aos não-brancos; confundem tolerância, cordialidade e co-existência social não oficialmente segregada com “não-racismo”, ou seja, não admitem como racismo as outras formas sorrateiras e dissimuladas de inferiorização estética/ cultural  e embarreiramento sócio-econômico dos não brancos.  Vide : “(a) discriminação e preconceito raciais não são mantidos intactos após a abolição mas, pelo contrário, adquirem novos significados e funções dentro das novas estruturas e (b) as práticas racistas do grupo dominante branco que perpetuam a subordinação dos negros não são meros arcaísmos do passado, mas estão funcionalmente relacionadas aos benefícios materiais e simbólicos que o grupo branco obtém da desqualificação competitiva dos não brancos.” (Hasenbalg, 1979, p. 85) .

2- A quase totalidade das pessoas não sabe quem foi de fato Monteiro Lobato

a) Lobato era um racista assumido, EUGENISTA (de carteirinha), membro da Sociedade Paulista de Eugenia, no seu livro “A Barca de Gleyre”  (uma coletânea de cartas trocadas em especial com seu amigo Godofredo Rangel, mas também outros como  o “pai da eugenia brasileira”  o médico Roberto Khell) Lobato fala “barbaridades” com relação a pretos  e miscigenados, em um outro livro seu “O presidente negro ou  O Choque das raças” , Lobato “sugere” que os negros norte-americanos fossem todos esterilizados  com um produto embutido secretamente em um creme de alisamento de cabelos…, o livro não foi aceito para publicação nos EUA, Lobato escreve ao amigo Rangel e  diz“Meu romance não encontra editor. […]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros.”, posteriormente o próprio Lobato o publicou no Brasil.

b) Lobato tinha plena consciência de que a sua obra era um excelente veículo para propagar os ideias da causa eugenista e assim o fez inserindo “discretamente” em sua obra, inclusive reconhece isso em carta à seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita “é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, ‘work’ muito mais eficientemente” (palavras dele).

c) Lobato inseriu em sua obra, referências que perpetuam a formação de uma mentalidade racista inconsciente (principalmente nas crianças que ainda não tem senso crítico) ao mesmo tempo que constrange crianças negras e as ferem em sua auto-estima;

Não se trata de patrulhamento ideológico, exagero militante do “politicamente correto”  ou “ver pêlo em ovo”, muito menos querer “censurar” Lobato, nem de “queimar seus livros”,  mas simplesmente de não deixar que os ideais eugenistas de um Lobato dos anos 30 do século passado, permaneçam LIVREMENTE a influenciar e naturalizar nas crianças do século XXI (teoricamente anti-racista) uma mentalidade racista geralmente inconsciente mas que se manifesta até nos adultos  mais insuspeitos e inesperados ( vide o caso da  Antropóloga professora de religiosidade afro, que xingou de macacos um segurança e um estudante da universidade paraense em que dá aulas), por LIVREMENTE entenda-se sem a devida contextualização por meio de notas no livros e sem professores capacitados para neutralizar a parte nociva nas obras de Monteiro Lobato.

Enquanto não ocorre essa capacidade de contextualizar e neutralizar os malefícios embutidos nos livros, é conveniente que os mesmos deixem de ser distribuídos para as escolas, principalmente por serem pagos com dinheiro público, o estado brasileiro através do ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL já reconheceu o racismo brasileiro em suas mais diversas formas e situações, se comprometendo a não estimular práticas racistas e corrigir as desigualdades e distorções advindas dele, não pode portanto, continuar a permitir livremente  a utilização oficial e ainda por cima pagar por obras que contrariem  essas premissas.

Para quem de fato quiser saber fatos e dados que embasam a questão é só ler o excelente artigo (vão ficar chocados…) :

CARTA ABERTA AO ZIRALDO por Ana Maria Gonçalves: http://www.idelberavelar.com/archives/2011/02/carta_aberta_ao_ziraldo_por_ana_maria_goncalves.php