Blog do Juarez

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DE HOMOFÓBICO(A) NÃO SE PECHA SEM BASE

Eu ia fazer essa postagem de tarde, por uma inquietação que tenho com o uso inadequado de termos e conceitos. Agora com a morte de Paulo Gustavo, acho pertinente pois de certa forma tem a ver. Outro dia me deparei com um notícia/postagem em que a ex-presidente Dilma era chamada de “homofóbica”, por não ter comprado como se ativista fosse, algumas reinvindicações do movimento LGBT, a exemplo do veto ao apelidado “Kit Gay” e por ter se aliado politicamente à conservadores, esses sim homofóbicos. Obviamente discordo da pecha. Vou me alongar pouco no texto, prefiro as imagens que dão conta de que o termo não se aplica. Clique na galeria abaixo para ver integralmente as fotos:

Pela ordem…: “Homofóbico(a)” é termo aplicável à quem tem pensamento exteriorizado e ações relacionadas à homofobia. O fato de Dilma não ter sido uma “ativista pela causa” ou politicamente não ter enfrentado os seus “aliados” conservadores (estes sim homofóbicos) não fazem dela uma homofóbica sequer em figura de linguagem.

Com relação à ações de seu governo pro-LGBT dá para citar algumas… :

2011
Criação do módulo LGBT no Disque 100
A intenção foi preparar o Disque Direitos Humanos para receber denúncias de violações de direitos da população LGBT.

Elaboração do 1º Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil
Após a publicação do relatório pela Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, as denúncias contra violência homofóbica aumentaram em 116% em um ano.

Realização da 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas e Direitos Humanos LGBT
Nos moldes da conferência realizada em 2008, discutiu-se nacionalmente e com diversas entidades governamentais e da sociedade civil os avanços políticos e sociais sobre o tema.

2013
Alterações no SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contemplar o atendimento completo para travestis, transexuais e transgêneros, como terapia hormonal e cirurgias. A identidade de gênero passou também a ser respeitada, com a inclusão do nome social no cartão do SUS.

Reconhecimento dos direitos de casais de mesmo sexo no serviço público federal
Os casais homoafetivos passaram a ter, oficialmente, os mesmos direitos de qualquer casal, como plano de saúde, licença gala, entre outros.

Assinatura do governo brasileiro à Convenção contra Todas as Formas de Discriminação e Intolerância da Organização dos Estados Americanos
O texto, assinado em Antígua (Guatemala), define as obrigações dos países sobre temas como orientação sexual e identidade de gênero.

Criação do Sistema Nacional de Promoção de Direitos e Enfrentamento à Violência contra LGBT
O Sistema Nacional LGBT é uma estrutura articulada para incentivar a criação de programas de valorização dessa parte da população, comitês de enfrentamento à discriminação e combate a violência, além de oferecer apoio psicológico e jurídico para LGBTs nessa situação.

2015
Posse de Symmy Larrat como coordenadora-geral de Promoção dos Direitos LGBT da SDH
A paraense foi a primeira travesti a ocupar o cargo. Segundo ela, uma das missões mais importantes na função era “tirar os travestis do submundo e da exclusão social”.

Fora a sanção de legislação que ajudou os casais homoafetivos a conquistar na Justiça, direitos como licença maternidade e paternidade e a adoção.

Depois de tudo isso cabe pecha-la de “homofóbica” ??? Não faz o menor sentido. As palavras devem ser usadas com precisão, cautela e responsabilidade…


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Para lusófonos entenderem o que está havendo no Brasil

Como tenho amigos falantes de português mas que não são brasileiros e tem dificuldades para entender o que de fato está havendo no Brasil nos últimos 3 anos (e para alguns brasileiros desinformados também), resolvi mostrar em uma sequência de notícias que se encadenam para que tirem suas próprias conclusões…

1 – Dilma, do mesmo partido, o PT, e sucessora de Lula é eleita para seu segundo mandato.

2- Aécio o derrotado, do PSDB, faz “profecias” .

3- O PSDB de Aécio resolve derrubar a presidente via parlamento.

4- Junto com aliados de outros partidos tramam o golpe parlamentar e conseguem.

5- Logo após isso Cunha é apanhado em alta corrupção e é afastado.

6- Cunha sem mandato acaba preso e sem fórum especial é condenado em Curitiba, sua esposa contudo é inocentada por “falta de provas”

7- Nesse meio tempo o processo de “impeachment” segue no Senado contra qualquer plausabilidade jurídica na acusação.

8- O “grande crime” de Dilma ( a “pedalada fiscal”, mero ajuste de orçamento, praticado por todos os presidentes anteriores) nunca antes penalizado na história do país, e da qual foi isenta por perícia do próprio senado, é liberado após seu uso de ocasião.

9- Concluído o impeachment farsesco toma posse o vice, aquele mesmo que se engajou nas articulações com o PSDB, partido do candidato derrotado nas últimas eleições o Senador Aécio Neves e Eduardo Cunha o condenado por comprovada corrupção.

10- O governo Temer é tomado por escândalos de ministros e assessores envolvidos com corrupção.

12- O próprio Presidente é apanhado em gravações e delações mas é salvo pela sua base parlamentar.

13- Aécio Neves também se complica mas segue livre e no cargo

14- Iniciado em 2016 se acentua em 2017 o Lawfare sobre Lula, que pretende voltar ao comando do Brasil.

15- Reação de Lula e questionamentos sobre parcialidade

16- Lula assume que pretende à presidência e em 2018 se acelera o processo para a condenação em segunda instância, o que por regras em questionamento no Supremo Tribunal impediria a sua candidatura e ainda o levaria à prisão antes de esgotados os recursos de apelação.

17 – E assim Lula é preso, uns lamentam outros comemoram…

“O Brasil não é para amadores” é uma expressão autoexplicativa, por enquanto é isso… seguem manifestações diversas pela prisão e contra ela e aguarda-se novos lances jurídicos que podem libertar Lula nos próximos dias.


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Palavras “highlanders” X o cemitério de palavras.

Li artigo de nosso caríssimo Idelber Avelar, intelectual respeitado e muito festejado no ciberespaço brasileiro, publicado nesse domingo 1° de abril no Estadão, “Morte e ressurreição das palavras“.

O texto como sempre é bom e traz pontos interessantes, porém insiste em questão que se não se pode dizer central nas mais recentes discussões com e entre seus seguidores nas redes sociais, é ao menos recorrente, trata-se do uso do termo “golpe”.

A  objeção ao uso do termo fazendo referência ao impeachment de Dilma Roussef  em 2016 parte de três premissas básicas: a de que “golpe” é tradicionalmente utilizado para designar golpes de estado (em geral com participação militar),  que o impeachment não foi golpe já que seguiu um rito legal  e por fim que quem utiliza  o termo “golpe” é petista ou “parapetista” e o faz abusando da dubiedade do termo, cujo  sentido geral é o de trapaça/engodo, porém segundo os objetores, não aplicável no sentido de golpe de estado.

Há ainda três argumentos complementares, o de que o uso é “oportunista” e que mesmo admitindo outros conceitos de golpe que não o  de estado ou militar de estado, o uso sem a adjetivação seria tentativa de induzir ao entendimento “usual” (na visão dos objetores), por fim, que “antes de 2016 ninguém chamava a proclamação da República de golpe, nem mesmo o impeachment de Collor”.

Em tal  ampla questão é que divirjo e explico o porque. Temos o sentido geral e coloquial do termo “golpe”, sem adjetivação e os adjetivados por “de estado” , “de estado militar”, “militar”, “civil-militar” , “parlamentar” ou “parlamentar-palaciano”, ou seja, não há apenas um sentido válido de emprego. Importante lembrar que o uso brasileiro de “golpe parlamentar” antecede em ao menos uma década ao “Coup d’ État” surgido no contexto de Napoleão III, não por coincidência os historiadores são os principais intelectuais utilizadores do termo para referir 2016, já que na área se conhece e admite golpe em todas formas.

Não se pode negar “tradição” ao emprego de “golpe” em sentido de golpe parlamentar, há registros desse emprego literal no Brasil desde meados do século XIX, assim como do emprego recente e até anterior ao episódio do impeachment, o que tornam falaciosas todas as quatro  primeiras premissas/argumentos que objetam o uso do termo para o impeachment de Dilma em 2016.

O quinto argumento, o de que a falta de adjetivação é “desonesta” e propositalmente utilizada para confundir, é desconstruída pela simples observação que se há tradição também no uso de “golpe parlamentar”, qual o motivo para “exigir” adjetivação quando não  é exigível para “golpe de estado” ? Independente de qualquer das formas de emprego, a essência do fato é mantida, que é o apeamento precoce e irregular de um governante legitimado.

No caso de 2016, mesmo o impeachment tendo seguido um rito, o foi de forma farseca e não deixa ao fim e ao cabo de ser produto de golpe na maioria dos seus sentidos e efeitos.

O sexto argumento também é falacioso, pois contra Collor de Mello pesavam acusações compatíveis com impeachment e ele renunciou à presidência antes disso, porém seguiram com o processo à revelia, o que na realidade causou um “impeachment vazio”, dai não ter sido um golpe.

Já o outro ponto também é falho, pois não é de hoje que se registram manifestações à proclamação da República como golpe, a exemplo (2010):

Abaixo alguns textos do XIX e do XXI anteriores a 2016 que demonstram que se há “morte e ressurreição” das palavras, não é o caso de “golpe”, que como o personagem do épico filme “Highlander” atravessa os séculos sem morrer e nem ressucitar com novo sentido, ou seja  vivo, apenas ganhando evidência quando as circunstâncias exigem.

Sem citação padrão, os textos podem ser facilmente encontrados na Hemeroteca online da Biblioteca Nacional por meio de busca com a tag “golpe parlamentar” no período 1840-1849 e 1880-1888.

Exemplos de uso em trabalhos acadêmicos e imprensa anteriores a 2016:

A Corte negociada: a presença de Aureliano Coutinho no golpe da maioridade de 1840. (2005)

Golpe Parlamentar da Maioridade: construção da ordem Imperial. (2010)

Em 1997 Hélio Gaspari falava em golpe ao comparar a conquista da reeleição por FHC com o golpe da maioridade de 1840: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/2/02/brasil/21.html&hl=pt-BR

A própria Câmara dos Deputados usa o termo golpe parlamentar-palaciano:

Pode-se perguntar “e por qual motivo não se fala de outros golpes parlamentares? só do da maioridade…”, simples, porque até então havia sido o único golpe efetivo não militar em nível nacional (há pelo menos dois outros episódios mas pelo alto nível de polêmica melhor desconsiderar).

Para concluir é interessante ler o instrutivo artigo de Pedro Dória que traça a história dos golpes no Brasil, coincidentemente considera o golpe da maioridade (feito dentro do rito constitucional, mas com “trapaceamento”) como o primeiro, porém cria um paradoxo no final ao afirmar que o impeachment “não cabe como golpe”, já que é previsto constitucionalmente…, concordaria se a referência fosse à um impeachment “de verdade”, não um farsesco,  recall travestido de impeachment.  Quanto a esse último ponto prefiro deixar a opinião de alguém que sabe muito bem o que é constitucional ou não e os meandros do poder e não é petista nem “parapetista”, com a palavra Joaquim Barbosa: Vídeo Youtube .

 

 


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A presidente e o vento estocado, quem diria…, não é “viagem”

armazenamento da energia eólica- excedenteAs vezes penso que os difíceis de entender discursos da nossa presidente da república e as ideias embutidas, são apenas uma lógica bem diferente da corriqueira (mas não completa falta de lógica…), uma forma de organização do pensamento e exposição que simplesmente a maioria não consegue acompanhar…, vendo a questão do “armazenamento de vento” por exemplo, a ideia não é original dela nem exclusiva, já foi pesquisada e até parcialmente empregada na Alemanha e em uma usina nos EUA, um projeto que previa o armazenamento de ar-comprimido em um bolsão de rocha de aquífero em Iowa nos EUA, a partir do excedente produzido em um parque eólico nos momentos de pico de vento (na realidade não seria “armazenar o vento em si” mas utilizar a energia excedente produzida nos horários de pico de vento, para comprimir ar em bolsões de rocha no subsolo), só não deu certo por questões geológicas na região do experimento, mas a ideia não é estapafúrdia e poderia funcionar em uma situação adequada, portanto… .

http://midwestenergynews.com/2012/01/19/scrapped-iowa-project-leaves-energy-storage-lessons/


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Nilma Lino fica e cresce com o Ministério da Cidadania

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Com a Ministra Nilma Lino

Após mais uma “tensa” reforma ministerial temos um novo quadro com duas notícias, a primeira (que precisa ser melhor avaliada) é a fusão das três Secretarias Especiais que atendiam mais diretamente às demandas dos movimentos sociais, a das Mulheres, a de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a de Direitos Humanos, a segunda (que de antemão é boa notícia) é que fica à frente da nova pasta, a Profa. Nilma Lino, que já era Ministra titular da Igualdade Racial, que em relação aos três nomes aventados anteriormente (Miguel Rosseto, Moema Gramacho e Benedita da Silva) todos petistas e por tal incensados e reivindicados pelo PT, Nilma Lino é a única reconhecida como “do Métier”, sem objeções generalizadas pelos movimentos sociais, e não tem filiação partidária, é mulher, negra e com histórico nos movimentos sociais (Benedita da Silva é um caso a parte, e sofre algumas objeções pelos movimentos sociais, apesar de ter sido Senadora, Governadora do RJ, Ministra da Assistência e Promoção Social, atualmente Deputada federal).

As Secretarias Especiais com status de Ministérios, sempre sofreram de uma “subnutrição crônica” com orçamentos muito modestos e estruturas reduzidas, espera-se que com a nova situação haja um “emponderamento” na estrutura, dotação e condição política no trato das questões pertinentes, inclusive em ações diretas e de fomento em outras pastas e instituições públicas e privadas.

Alguns ativistas demonstraram preocupação com a extinção ou incorporação da SEPPIR, eu particularmente há muito acho que a incorporação por um ministério de atribuições mais amplas poderia ser positivo (ainda mais com alguém que conheça e tenha compromisso com a causa negra, e representando a população afrobrasileira melhor ainda… escrevi sobre há uns anos ainda no DILMA I, SEPPIR, para que e até quando ?  https://blogdojuarezsilva.wordpress.com/2011/11/01/seppir-para-que-e-ate-quando/


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Presidente Dilma elege as Mulheres para explicar a crise e medidas pouco populares

Hoje no dia internacional da mulher, a Presidente da República Dilma Rousseff, depois de um período em que não se dirigiu à nação e nem atendeu  a uma pressão geral para que se manifesta-se sobre a recente crise econômica, as medidas governamentais tomadas em função da crise e para controle dos gastos públicos, bem como a questão da corrupção na petrobras, veio a público em cadeia nacional falar sobre tudo,  a estratégia de falar “diretamente” às mulheres e por tabela aos homens pode ter bons efeitos, afinal as mulheres em geral tem um tino gerencial natural e sabem bem que por em ordem as coisas exige sacrifícios… . Pediu confiança e paciência e declarou que não haverá perdas das conquistas em especial das classes trabalhadoras e média, nem prejuízo aos programas sociais, que a crise é temporária, resultado da conjuntura internacional pós 2008, e será sanada com os primeiros resultados visíveis ainda esse ano e que as medidas apesar de duras são e serão suportáveis a todos.

Aproveitou para sugerir que busquem dados para entender o que acontece e de forma “polida” deu a entender que a grande imprensa orquestra um processo de desinformação com interesses desestabilizadores, anunciou  também a sanção do feminicidio como crime hediondo

Bom, é esperar para ver a reação geral…, particularmente gostei do tom.

Leia o discurso na íntegra na Folha de SP :

 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/03/1599999-leia-a-integra-do-discurso-de-dilma-no-dia-internacional-da-mulher.shtml


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De onde é que vem esses votos ???

Aécio-Alckmin

Até entendo quem pelas mudanças no PT  após o poder, queira renovação e alternância e busque outra alternativa à esquerda… (quem escolheu Luciana Genro ou  Eduardo Jorge), entendo quem desconfia da Marina (ou arranje mil desculpas para que uma negra, amazônica, de aparência frágil e evangélica não chegue ao cargo máximo da república, afinal ainda estamos no Brasil… já se foi até longe dadas as circunstâncias…), entendo mais ainda quem por histórico social privilegiado, esperada insensibilidade social  e resistência egoísta e classista às mudanças que reduziram enormemente o fosso entre ricos e burgueses remediados e os tradicionalmente excluídos…  repudie PT e esquerdas e vote com os tucanos e aliados tradicionais; entendo até quem vota em sintonia com o pensamento retrógrado e destemperado dos “nanicos”.

Mas está difícil de entender de onde é que vem quase 35 milhões de votos para o PSDB (com o histórico negativo que tem para o país) e principalmente para o Aécio ( de histórico pouco positivo e único dos candidatos em que se pregou um escândalo direto e pessoal como o caso do aecioporto…).

Só das elites numericamente não pode ser…, quem só queria “alternância” descarregou em Marina…,  os maiores beneficiados pela duodécada petista (leia-se pobres)  e o pessoal de maior consciência social obviamente deram os  mais de 43 milhões de votos para Dilma…, mas tá difícil de identificar quem  são  e quais os “motivos” desses milhões e milhões que se aliaram às elites (mas obviamente não fazem parte dela) e renegaram os avanços sociais trazidos pelo PT e a expectativa de alternância trazida por Marina… .

Talvez tenha sido o mesmo pessoal que reelegeu Alckmin em SP (e no primeiro turno com  mais de 12 milhões de votos [57 %] )  a despeito de tudo de ruim que ocorreu nos 20 anos de dominação tucana no estado (e ainda vai ocorrer…, nem a iminência de acabar a água na maior capital do país  disparou o “voto da mudança”),  somando aos   12 milhões do maior colégio eleitoral do país… de Minas vem 4 milhões de votos para governador do PSDB, do RJ mais 3 milhões e tal… , ou seja menos de 20 milhões de votos de onde se esperaria que viriam majoritariamente, mas e esses outro 14,5 milhões espalhados por todo o restante do país ????,   desconfio que “no frigir dos ovos” pode ter sido a mesma turma que foi fazer “micareta sem causa” nas ruas em junho/13  (lembrando que alguns manifestantes até tinham causa definida e clara, mas era uma minoria…), outra coisa que causa estranheza é um estado em tese vanguardista como o RJ eleger (e com a maior votação) como Deputado Federal  Jair Bolsonaro (que defende claramente um pensamento semelhante ao de FIDELIX, sendo que esse último foi nacionalmente objetado ), vá entender…,  elocubrações meras elocubrações, mas  afinal quem é esse pessoal  que vota a partir de uma lógica que não é óbvia para a maioria das pessoas ??? .


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Nomes aos bois: os sicários da mídia má.

Poderia escrever algo mais detalhado sobre esse acontecimento, mas o texto de Paulo Nogueira, que reproduzo parcialmente abaixo, já o faz com maestria…, é essa mesma gente de quem ele fala, que não por coincidência também foram os “grandes gurus” da “campanha” (felizmente perdida) da turma anti ações afirmativas (AA) para a população negra (notadamente as cotas universitárias) aos quais “batizei” de “neo-democratas-raciais”.

O desabafo de Trajano

por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

E eis que José Trajano, da ESPN Brasil, viralizou.

Um vídeo em que ele cita quatro colunistas que instigam ódio circula freneticamente pela internet nestes dias.

Ele enxergou, com razão, uma relação espiritual entre os que xingaram Dilma no estádio e os colunistas que mencionou.

Trajano falou de Demetrio Magnolli, Augusto Nunes, Mainardi e Reinaldo Azevedo, mas poderia falar de muitos outros.

Outro dia li uma expressão do Nobel de Economia Paul Krugman e pensei exatamente no tipo de jornalista da pequena lista de Trajano.

São os “sicários da plutocracia”. São pagos, às vezes muito bem pagos, apenas para defender os interesses de seus patrões.

Os Marinhos, ou os Frias, ou os Civitas, ou os Mesquitas, não podem, eles mesmos, assinar artigos em defesa de suas próprias causas. Então contratam pessoas como as de que Trajano trata.

Muitos leitores, em sua ingenuidade desumana, vêem alguma coragem nos “sicários da plutocracia”.

É o oposto. Ao se alinhar aos poderosos – aqueles que fizeram o Brasil ser um dos campeões mundiais da desigualdade – eles têm toda a proteção que o dinheiro é capaz de oferecer.

Não correm risco de ficar sem emprego, por exemplo. Podem cometer erros grosseiros de avaliação, de prognóstico, de estilo, do que for.

Mesmo assim, estarão seguros porque cumprem o papel de voz dos que podem muito.

Texto integral em : http://www.viomundo.com.br/denuncias/os-que-promoveram-caca-as-bruxas-agora-reclamam-de-lista-negra.html


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Os médicos, a greve e a opinião pública

Distribuição médica no Brasil, desenhada, precisa explicar ?

Distribuição médica no Brasil, desenhada, precisa explicar ?

Que a figura do médico é uma das mais respeitadas na sociedade não há duvidas, a importância e expectativa em torno da sua disponibilidade profissional em todos níveis de atenção/operacionalização da saúde privada e pública e em todas as comunidades é inegável.

Por justaposição, a necessidade de justa remuneração e de boas condições de trabalho à  quem tem por missão salvar vidas e minorar o sofrimento dos adoecidos e injuriados é amplamente reconhecida, sendo assim, a visualização geral da classe como “inimiga pública” ou a não-solidariedade popular à suas causas seria um tremendo paradoxo e difícil de imaginar (mas não impossível), somente com condições contextuais atípicas, combinadas com muito “trabalho” no sentido de auto-desgastar a imagem da categoria perante a opinião pública isso poderia acontecer…, e por incrível que pareça é o que está caminhando a passos largos para se concretizar.

Sistemas são conjuntos de elementos que  em tese atuam  harmonicamente, o resultado dessa atuação conjunta não apenas define a visão geral que se tem de todo o conjunto, como se irradia também para os elementos que os compõem…, no caso do sistema de saúde brasileiro essa visão geral (principalmente sobre o setor público) tende a ser bem negativa (apesar de tantos avanços e várias características louváveis).

Sendo assim, o atendimento médico em si (ou sua ausência),  que pode ser prejudicado pelas falhas nos outros elementos do sistema, em não raros casos também ajuda bastante a compor a imagem negativa que se tem não apenas do sistema, mas do próprio atendimento em si e dos profissionais que o fazem ou deveriam fazer…, em outras palavras, se o sistema é ruim, é porque os médicos “ajudam”, mas pode ser entendido também como é ruim porque “não ajudam”…., o que acaba por “vilanizar” a classe.

Reivindicações antipáticas como o “ato médico” que pretendia tutelar quase que absolutamente outras categorias profissionais (até no que lhes era de competência e atribuição natural), atribuindo aos médicos “superpoderes” que não lhes eram verdadeiramente necessários, ajudaram na disseminação da visão de que a classe é altamente corporativista; o veto parcial da Presidente Dilma foi pedido e aplaudido pela sociedade, a insistência na derrubada do veto via congresso ou a judicialização de outras questões como a vinda dos médicos estrangeiros, só colabora para a manutenção dessa visão de classe “elitista subordinadora” e anti-popular.

A histórica e crônica falta de médicos públicos (e privados) nos rincões mais distantes do país, nas periferias das grandes cidades, etc…, pode até ter na “falta de recursos” e nos “pinos” dados por prefeitos do interior no pagamento de alguns dos poucos médicos que se dispuseram a tentar trabalhar em tais localidades, razões que justificariam apoio popular às reivindicações da categoria por maiores e melhores recursos, carreira de estado estruturada, etc…, ocorre que as “razões-nunca-ditas” (desinteresse por morar em localidades ermas, sem maiores atrativos e sem outras possibilidades de trabalho renda/extra), até então eram menos visíveis…, o programa do governo federal para a atração de médicos ( + Médicos) para essas localidades “desinteressantes”, tem deixado aos holofotes o que antes cabia na máxima jurídica “In dúbio pro reu” (na dúvida ganha o acusado), com isso, a “dúvida” tem ficado a cada dia menor…, o que está ficando com “evidência solar” é que a maioria dos médicos brasileiros não vai para o interior simplesmente porque não querem … ( e isso novamente vilaniza a classe, para quem não está no interior e principalmente para quem está lá…) .

Se a constatação cada vez mais evidente de que a falta de médicos no interior é principalmente o desinteresse generalizado da classe, já desgasta a imagem…, a oposição ferrenha e corporativista pouco disfarçavel à vinda de médicos estrangeiros para suprir essa lacuna, coloca os interesses da população e das entidades de classe médicas (e obviamente seus representados) em cantos opostos de um ringue… .

Essa generalizada “indisposição médica” (salvo as honrosas exceções) para a vida nos cafundós,  parece aos olhos do homens do interior (principalmente aqui da Amazônia) uma especificidade clara…, principalmente quando ele olha e vê que a Polícia está lá, a Justiça está lá, a Educação está lá (até as universidades estão se interiorizando), as forças armadas estão por lá, diversos elementos da mão do estado estão lá, instalações físicas da saúde, pessoal auxiliar e as vezes equipamentos empoeirados ou encaixotados também estão por lá…, só não estão os médicos ( por vezes, um que seja..) .

Mesmo que nesse momento a anunciada greve de agosto não tivesse absolutamente nada a ver com a defesa desses pontos antipáticos já expostos, mesmo que estejam sendo reivindicadas pautas justas e antigas, o que vai aparecer em realidade aumentada para a população é a falta de atendimento e a sensação de que uma classe que em termos de rendimentos financeiros (sim, a custa de muito trabalho, plantões e correria, que seja) se destaca absurdamente de outras profissões de nível superior (o que não dizer de outras ainda menos remuneradas), olha mais para o próprio umbigo que para “o resto”  da sociedade como um todo (e não vai adiantar tentar convencer que se está “brigando por ela”, pelos direitos do cidadão a uma “saúde de qualidade” e um exercício profissional com dignidade, o que vai parecer é que o ” ‘mimimi’ corporativista” está prejudicando (ainda mais) quem sempre leva a pior, o povão… ) .

Para piorar, tem Conselhos Regionais de Medicina, espalhando aos quatro ventos que irão “perseguir” e até chamar polícia para impedir que estrangeiros sem o “revalida”  trabalhem aonde os médicos brasileiros não se dignam a ir…, até então a falta de recursos e médicos nos rincões era o problema, agora parece não restar dúvidas que o problema mesmo é a falta de interesse e o corporativismo de uma classe que em tese deveria ter maior empatia com o povo necessitado de cuidados e  maior alteridade.

Em tempos em que o povo sai as ruas e repudia partidos políticos nas manifestações, hostiliza a imprensa manipuladora, se insurge contra e hostiliza os manifestantes de justas greves profissionais (mas que os deixam sem serviços básicos, como os ônibus…) , não é boa ideia uma categoria em desgaste exponencial, botar a cara na rua, pois os resultados podem não ser os esperados…, nessa toada, assim como os repórteres da Rede Globo passaram a tirar a identificação nas manifestações públicas, a fim de evitar hostilidades, pode ser que ser identificado como médico em manifestações e nas ruas gere animosidades… . Sinal dos tempos.


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Enfim a vitória “final” das cotas, Pres. Dilma sanciona lei da reserva em universidades públicas.

Em cerimônia fechada à imprensa e com a presença dos Ministros da áreas envolvidas, a Pres. Dilma Sanciona a lei de cotas universitárias. Foto: Roberto Stuckert Filho / PR

Para a tristeza das elites reacionárias do país (boa parte das classes média alta  e  alta, e diga-se quase que virtualmente brancas…) cacifadas por donos de cursinhos pre-vestibulares, escolas particulares, revistas, jornais / TVs e políticos de “partidos anti-povão” que tentaram de todas as formas manter as vantagens de acesso e a tradicional hegemonia nas universidades públicas, agora é lei e regra oficial, só disporão livremente de metade das vagas da rede de ensino federal, a outra metade será ocupada por estudantes vindos obrigatoriamente da escola pública e com subcotas para estudantes de baixa renda e também para pretos, pardos e indígenas.

O Judiciário confirmou a constitucionalidade através do STF, o legislativo criou e aprovou a lei e ontem finalmente o executivo a sancionou, com o apoio da maioria do povo…, um verdadeiro pacto republicano em que entre outras coisas o ESTADO BRASILEIRO reafirma e efetiva  a desejável vocação para nação democrática, mais justa e solidária (conforme exposto no artigo 3º da Constituição Federal).

Depois de muitas idas e vindas e uma enorme polêmica, as cotas sociais e sócio-raciais se tornam uma política pública de inclusão abrangente e oficial.

Um dia para entrar para a História do país !

(Em tempo !,  em matéria curtíssima e discretíssima o Blog do Planalto deu a notícia, mas enfatizou apenas a cota social, sem qualquer menção as subcotas raciais…)

Mais detalhes: http://educacao.uol.com.br/noticias/2012/08/29/dilma-sanciona-lei-que-cria-cotas-em-universidades-federais.htm