Blog do Juarez

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Djamila e a bolsa da Prada, problema para você? Para mim não…

Postagem de rede social

Só vendo a geral criticando a Djamila Ribeiro, negra formada em Filosofia, Professora, Ativista e que fez sucesso como escritora e editora na temática do racismo e feminismo. Bora se atualizar gente… A luta negra não é uma luta socialista, ela é integracionista…, não defendemos resumir a pirâmide de Maslow apenas ao seu centro, embora a redução da sua base com o aumento da mobilidade social e redução drástica da pobreza e miséria, independente de recortes, seja uma luta compatível e embutida. A luta negra é pelo direito de não ser limitado em nenhum aspecto pela cor/origem, assim como a luta do feminismo, não é em essência uma “luta contra o capital” mas sim contra a hegemonia excludente.

Não dá para deixar de observar que as críticas tem um viés também racista, mesmo que inconsciente, muita gente acha que negro e luxo são coisas incompatíveis, e quando se juntam atraem questionamento e atenção que não é dada quando não se trata de pessoa negra. Outro ponto é a crítica socialista, que não consegue desvencilhar ativismo de luta de classes segundo paradigmas marxistas, o que está longe de ser um real enquadramento do que é ativismo.

Já cantavam os Titãs… em “Comida”

“A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída para qualquer parte

A gente não quer só comida
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida como a vida quer”

Se você é millenial e não conhece o sucesso do rock brasileiro dos 80 segue o link do clipe: https://youtu.be/hD36s-LiKlg

Para fechar esse primeiro bloco lógico, o que quero marcar é que a maioria da crítica tem fundo na verdade em uma observação que já foi sistematizada faz tempo:

Segundo (Blumer, 1939) “São quatro os sentimentos que estarão sempre presentes no preconceito racial do grupo dominante: (a) de superioridade; (b) de que a raça subordinada é intrinsecamente diferente e alienígena; (c) de monopólio sobre certas vantagens e privilégios; e (d) de medo ou suspeita de que a raça subordinada deseje partilhar as prerrogativas da raça dominante.

Sigamos, não fulanizar a questão portanto é importante, pois não é iniciativa pessoal nem só a Djamila a entrar nessa, é um fenômeno mundial. A publicidade do luxo é que mudou a linguagem para se adaptar aos valores dos millenials, que sim, ainda gostam de luxo, mas querem equilibrar isso com algum link com justiça social. (Paradoxal ? pode ser, mas é a realidade que o mercado enxergou, e não vai se desviar dela 🤷🏿‍♂️)

⬆️Chamada de matéria sobre o assunto na Veja

Alguém lembra da posse do Biden? Teve uma jovem ativista e poetisa negra que “roubou a cena”, Amanda Gorman, formada em Harvard e que estava vestida de Prada dos pés à cabeça… vide: https://youtu.be/zzPl4TXMK0g

Tem gente “temendo” que em breve Djamila apareça fazendo publicidade de plataforma de investimento, como se isso fosse um “pecado imperdoável”, o que é uma grande bobagem. Eu sou negro, ativista tem quase 35 anos, sou investidor na bolsa americana, nacional e em criptmoedas… e não teria problema nenhum em fazer publicidade para uma plataforma de investimento (alô mercado publicitário estamos aí viu ? 😉)

O problema da geral é não entender que lutar por igualdade é lutar pelo direito de não ficar só no gueto, de poder fazer e usufruir o que a capacidade de cada um possibilitar, sem ser limitado por preconceito, discriminação e desigualdade… .

Ativista não faz voto de pobreza, nem vive só de ativismo, a gente só quer a mobilidade social sem impedimentos artificiais… Afinal “A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte, a gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade” 😉.


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SOBRE RACISMO E RACIALISMO

Por anos debatendo a questão das Ações Afirmativas (AA), sobretudo as cotas universitárias com recorte racial, me deparei muito com gente classificando de “racialistas” os que defendiam o recorte racial nas AA.

Ainda hoje vejo o uso de “racialista” como se fosse um racista com “sinal invertido”, nada mais errôneo e injusto. O racialismo é a crença em diversas raças humanas no sentido BIOLÓGICO, instituído por Carolus Linnaeus no XVIII ao criar a classificação homo sapiens e dividi-la em subespécies relacionadas à cor de pele e características fenotipicas prevalentes nas populações de cada continente. No mesmo ato Linnaeus também cria o racismo “científico” ao atribuir características atávicas (determinantes e hereditárias) à cada um dos grupos “raciais”, reservando apenas para os brancos as positivas e para os demais negativas.

Hoje o entendimento de “raça” ou “racial” só é admitido em sentido de construção social a ser superada com relação às desigualdades e determinismos preconceituosos e discriminatórios. Isso não quer dizer no entanto que se pretenda uma homogeneização étnico/cultural e a desconsideração das peculiaridades históricas, culturais e sociais dos diversos grupos.

Portanto, admitir tais peculiaridades e diferenças sociais construídas por milênios e séculos recortados de experiências culturais e sociais coletivas diferenciadas, e principalmente os prejuízos e necessidade da correção das desigualdades decorrentes, não é racialismo, muito menos “racismo as avessas” .

Os entendimentos partidos de dentro de um grupo tradicionalmente prejudicado, sobre sua realidade social, condições efetivas, valores civilizatórios, igualmente a sua memória coletiva e percepções não podem ser desconsiderados na sua totalidade, tampouco cerceado o direito ao ressentimento e as demandas por respeito, autodeterminação e “propriedade” de seus bens culturais.

Se existe uma CULTURA NEGRA, produto do contato e do amálgama secular das culturas africanas traficadas junto com os escravizados e as nativas e européias, isso não quer dizer que deixa de ser peculiarmente negra e diferentemente vivenciada a partir de diferentes origens e perspectivas.

Não há problema algum em qualquer pessoa de qualquer cor ou origem se imiscuir na cultura negra e vivencia-la, mas é importante que entenda que antes de mais nada ela é um bem cultural ao qual se adere, do qual se pode apropriar mas não deturpar, muito menos expropriar o negro, “retirando” dele o direito de controlar primariamente os seus bens culturais ou de se manifestar sobre eles a partir da própria perspectiva.

Quando uma pessoa negra (e não apenas que assim se assuma por realidade e pertença remota ou não, mas que principalmente assim seja vista socialmente e assim se relacione com a sociedade) se insurge contra apropriações indébitas ou questiona a forma de participação não negra na cultura negra, ela não está sendo racialista muito menos racista, ela está apenas chamando a atenção para a diferença de viver a cultura negra sendo efetiva e socialmente negro e não sendo… .

Não precisa ser negro para ser capoeirista ou de religião de matriz africana, mas é preciso conhecer as motivações históricas, reconhecer a essência, as premissas cosmogônicas, filosóficas e principalmente aceitar as regras da tradição e ter alteridade e empatia com quem tem a cultura como herança natural e coletiva… .

É o que não entendem o que dizia o Mestre Pastinha, e dizem hoje muitos praticantes e ativistas negros da cultura negra em suas perspectivas negras.


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Programa Na Moral: Racismo; e ai ? valeu ?

Snapshot do Programa Na Moral (sobre racismo, em 10/07/2014)

Snapshot do Programa Na Moral (sobre racismo, em 10/07/2014)

Escrevi esse post após ter visto alguns comentários de outros ativistas negros no facebook  sobre o programa  de TV comandado pelo Pedro Bial  e exibido na noite de 10 de julho de 2014 (ontem),  bem como, depois de ter também comentado por lá (aliás apaguei o comentário feito sem ter visto o programa, e refiz após assistir pela web no site do mesmo, afinal, quem combate o preconceito, não pode se deixar levar pelos próprios preconceitos e nem opinar sem conhecimento de causa, então sem medo de ser feliz, fiz a coisa certa… fui ver para opinar corretamente e alterei sim o meu primeiro entendimento/comentário).

Primeiramente, analisando a visão e discurso dos ativistas (de que o programa “não prestou” e não atendeu as expectativas), penso que há equívoco na avaliação, enquanto ativista até compreendo as críticas, afinal, somos todos pessoas envolvidas com a discussão temática há longo tempo ou dedicamos ao estudo do assunto bom tempo de nossas vidas, compreensível portanto, que esperemos sempre um volume de informações e  abordagens mais veementes e combativas…, ocorre que uma das coisas que aprendi na minha pós-graduação em Educação a Distância, é que todo curso (ou evento de cunho “educativo”, e um programa do tipo tem esse cunho) tem que ter um “desenho instrucional” (projeto da forma como será apresentado) compatível com o público-alvo e aproveitando os melhores recursos do meio empregado (no caso a televisão), dai vem a “decepção” de boa parte dos ativistas que “esperavam mais” do programa.

Em segundo, quero dizer que enquanto experiente palestrante sobre o tema, sei  muito bem que ouvir sobre racismo e efeitos, é uma coisa que não agrada muita gente (o brasileiro em geral acha “incômodo” falar sobre racismo, não se acha racista e acha que “sabe tudo” sobre o assunto), se é uma programação anunciada com esse fim, não junta muita gente… e se está “embutida” em uma outra atividade não específica sobre o tema, muitas  pessoas simplesmente se levantam e vão embora na hora que se começa a tratar do assunto…, logo,  é preciso muita criatividade, domínio de palco e principalmente das informações a serem passadas, para “segurar”  até o fim quem ficou… ; em se tratando de um programa de TV, é preciso compatibilizar a forma e as informações a serem passadas, primeiro com o formato do programa e o televisivo e segundo com a “paciência” do público, afinal TV vive de audiência…  e  fazer uma coisa “pesada e maçante” não é a melhor forma de conseguir e manter isso.

Em terceiro, fazendo uma análise das falas (inclusive as do Bial), penso que no contexto e tendo em vista o público-alvo, foi sim positivo…(não completo nem “preciso”, mas efetivo) no sentido de pelo menos “abrir a cabeça” de muitas pessoas, para pelo menos a legitimidade e necessidade da discussão da temática, de que a coisa existe sim, não é “papo de complexado”, de quem  “vê pelo em ovo” , nem de quem “se vitimiza sem razão”, as pessoas devem ter entendido pelo menos a violência psicológica que o racismo impõe aos jovens negros e negras, que a baixa-estima  não é um “auto-racismo”  voluntário e ideológico, mas efeito de uma construção social de opressão secular, que a cor é sim motivo de embarreiramento social no Brasil, e que estamos muito, mas muito atrás por exemplo dos norte-americanos (e que ironia, eles sendo vistos como  verdadeiramente racistas enquanto o brasileiro não enxerga o seu próprio racismo), ou seja, “didaticamente” , o programa abriu portas para o aprofundamente da questão, talvez menos pessoas “fujam” quando derem de cara comigo ou outros ativistas em uma palestra sobre a questão… ou entrem com uma visão menos negacionista em uma discussão virtual.

Para finalizar, digo que as participações de  quase todos (Ailton Graça, Zezé Motta, Taís Araújo, Joel Zito ) foram excelentes (dentro é claro das condições de um programa desse tipo e da condução dada pelo Bial), a do Diretor Daniel Filho não  foi ruim, mas pecou muito pela invenção da “desculpa fajuta” sobre a participação do ator Sérgio Cardoso (branco pintado de preto para interpretar o personagem principal) na novela ” A cabana do Pai Thomás” (1969), aliás a verdadeira história e motivos estão na página 92 do livro “A Negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira” de Joel Zito Araújo (que participou do programa e por motivos óbvios não pode polemizar  a questão),  quanto a participação do Tiaguinho, não poderia ser diferente… bem fraquinha, mas também não se pode esperar muito dessa geração de pagodeiros e jogadores de futebol  negros, que além de faturarem alto e terem fama (reduzindo bastante a sua percepção do racismo e seu envolvimento sério com o antiracismo) tem como “ícones” pessoas como o cantor Alexandre Pires…

Enfim, não foi o que poderia ser, com quem poderia ser, nem o ideal a partir de uma visão ativista mais experiente, porém entre o zero absoluto e o meta-racismo kameliano clássico que impera na rede, penso que se não foi muito, pelo menos o saldo foi positivo.

No link abaixo tem os vídeos do programa, quem ler isso passado muito tempo vai ter que fazer busca pelo termo “racismo”  ou pela data ” 10/07/2014″.

http://gshow.globo.com/programas/na-moral/


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O CIBERATIVISMO chegou, e veio para ficar…

ciberativismo2Apesar de muita gente estar só agora percebendo o ativismo social e político praticado através da rede mundial de computadores (inclusive a classe política), ele não é exatamente “novo”, já era praticado através de grupos de discussão em listas de email, ganhou alguma força anos atrás com o surgimento das redes sociais como o  já esvaziado Orkut (com seus grupos de discussão e os famosos JPEGs) e amadureceu com  a chegada do Twitter (e suas famosas # / hashtags) e do facebook (que serve muito bem não apenas para campanhas virtuais, mas também organizar e mobilizar para eventos presenciais).

Porém, a consolidação está se dando mesmo é com a utilização de uma ferramenta antiga e velha conhecida da democracia, a petição pública (mais conhecida entre nós como “abaixo-assinado”),  que em suas versões cibernéticas ganharam um novo fôlego e sentido.

Agumas organizações especializadas, oferecem o simples serviço de petição e sem maiores questionamentos ou posicionamentos; outros, não apenas oferecem o serviço de disponibilização de campanhas virtuais através das petições, como também acompanham e realizam a entrega e até o “Lobby” junto as instâncias de poder a quem são direcionadas, é o caso do AVaaz (que significa “voz” em várias línguas européias, do oriente médio e asiáticas ) que é uma ONG surgida no Canadá, mas que pode ser definida com TRANSNACIONAL, como o objetivo de “mobilizar pessoas de todos os países para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas querem”. Hoje o Avaaz é a maior plataforma desse tipo no mundo e conta com mais de 20 milhões de membros (participantes) que  se manifestam em uma ou mais das campanhas desenvolvidas.

Para tal segundo o seu site, o faz ” Operando em 15 línguas por uma equipe profissional em quatro continentes e voluntários de todo o planeta, a comunidade Avaaz se mobiliza assinando petições, financiando campanhas de anúncios, enviando emails e telefonando para governos, organizando protestos e eventos nas ruas, tudo isso para garantir que os valores e visões da sociedade civil global informem as decisões governamentais que afetam todos nós”,  importante frizar que no caso do Avaaz não há “neutralidade” ele foi criado para apoiar causas de real interesse popular e humanitário, logo, não aceita campanhas que vão em sentido contrário.

Alguns ativistas mais ortodoxos (e paradoxalmente também boa parte dos que são alvo do ciberativismo) costumam ironicamente dizer que esse é um  “ATIVISMO DE SOFÁ”, os primeiros por não compreenderem direito a dinâmica da sociedade no atual estágio da era da informação em que o presencial cada vez mais perde espaço para o virtual; já  os segundos,  tem obviamente o intuito de tentar minimizar o valor desse tipo de ativismo que é muito mais fácil de ser realizado do que o convencional, com deslocamentos custosos, em conflito com horários de trabalho/estudo e necessidade de infraestrutura e organização (quase sempre dificultosas), ou seja, é mais fácil e  tão eficiente quanto o convencional e portanto não lhes agrada.

O que é preciso ficar claro é que hoje gastamos normalmente muitas horas de nosso tempo no ciberspaço, um evento convencional como uma passeata tem o objetivo de chamar a atenção das autoridades, da imprensa e do público ainda não envolvido, clamando por atenção e solução e demonstrando que existe uma adesão popular (e teoricamente o poder emana do povo, logo a sua “voz” deve ser ouvida), antigamente isso só era possível indo para as ruas e praças, para a frente dos orgãos ou invadindo-os, enfrentando por vezes repressão pesada (gás lacrimogênio, jatos d’água, cães e cacetetes, balas de borracha e em alguns casos de verdade…), hoje, assim como o povo e a mídia estão nas ruas e as autoridades nos gabinetes, também estão todos no ciberspaço, e é possível atingir os objetivos de ambas as formas (melhor ainda se combinando as duas) .

Aliás,  tanto governos e suas instâncias,  como políticos mais antenados (e até a iniciativa privada), já se tornaram muito sensíveis ao ciberativismo, alguns instalando inclusive suas próprias plataformas de petições populares, um exemplo é o “We The People” (Nós o Povo) da Casa branca, em que qualquer petição com mais de 100 mil assinaturas é obrigatoriamente analisada e submetida à apreciação governamental e recebe uma resposta OFICIAL. No Brasil  há projeto no Senado para que a prática da participação popular por meio de petições públicas, tenha maior força e interferência oficial direta nas decisões antes tomadas apenas pelos representantes eleitos do povo (e isso é bom porque permite que a sociedade se manifeste diretamente em questões surgidas nos intervalos entre as eleições ou quando seus representante eleitos não estão de fato representando seus interesses, ou mesmo para apoiá-los quando estão em lutas contra os adversários do socialmente interessante).

E para finalizar, se antes, para mostrar a sua insatisfação e posicionamento, você escrevia um cartaz em cartolina, faixa ou simples folha de papel e ia se aglomerar junto com centenas ou milhares de outras pessoas para ser visto, e quando não conseguia ou tinha dificuldade para ir a essas manifestações, ficava chateado(a), SEUS PROBLEMAS ACABARAM ! , surgiu a PASSEATA ONLINE, você manda a sua foto segurando o cartaz para a página/grupo da campanha e todo mundo (inclusive quem você deseja pressionar) vai ver… , Ó que legal …. 🙂 : http://www.facebook.com/pages/Feliciano-N%C3%A3o-Me-Representa/252153391588919?ref=ts&fref=ts

MODERNO….  🙂 ! curtir


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Na TV …

Hoje achei uns vídeos com entrevistas minhas para TV, para registro estão ai … :

Mais recente (nov 2012)

Juarez-G1-20112012

Clique na imagem para ver a entrevista

E uma outra mais antiga no AMAZONSAT creio que em 2009

 

 


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Marcha pela Liberdade de Expressão: Eu fui !

Assim como em várias outras capitais, no 18 de junho,  aconteceu em Manaus a Marcha pela Liberdade de Expressão.

O evento foi idealizado na esteira da tentativa de impedirem no Rio de Janeiro a chamada “Marcha da Maconha”, a polêmica virou coisa de Justiça e foi parar no STF,  que muito acertadamente  na semana  passada votou a favor da liberdade de expressão (e não poderia ser diferente, já que o Supremo é o guardião da Constituição, que garante expressamente o direito à reunião e reivindicação popular de forma pacífica).

Quando da realização da  marcha portanto, já não se tinha a intenção de “defender” ou pressionar pela votação de um direito óbvio e claro, mas sim aproveitar para mostrar aos segmentos reacionários do setor de comunicações e da sociedade, que não apenas os ministros do supremo, mas também os ativistas de movimentos sociais, intelectuais e populares em geral, entendem que o verdadeiro direito à livre manifestação (principalmente a de massa) e o respeito à  diversidade  é  constitucional e inalienável…, não estando sujeito à censura  nem “benção”  dos poderosos e do pensamento hegemônico.

Na marcha foi possível ver diversas manifestações das mais variadas causas:  contra a homofobia, pessoal anarco-punk, a favor do naturismo, contra o desmatamento e o novo código florestal, pelo bom transporte coletivo, contra a intolerância religiosa e racismo, pelo respeito no trânsito, a favor da educação sexual nas escolas, pela legalização da maconha, contra a corrupção e insegurança pública,  contra a violência , pelo vegetarianismo, pela liberdade de expressão, enfim …

Percebi porém um detalhe nessa marcha…, a baixíssima (e em algumas categorias a inexistente) participação de ativistas de movimentos sociais tradicionais e também de políticos;  talvez preocupados com uma equivocada ligação de suas imagens com a “marcha da maconha”  ou o apoio à legalização… o que na realidade já é “outra história”, cito Voltaire :  “Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo. . “

O povo na rua, na praça , no ciberspaço … tem todo o direito de se manifestar, logo a participação na marcha não  tratou de defender direta e automaticamente a causa A ou B, mas sim o direito de manifestação, de discussão, visibilização, reavaliação e reajustamento das coisas (quando justo e necessário ), afinal VOX POPULI, VOX DEI… ( a voz do povo é a voz de Deus).

Entre alguns tradicionais ativistas sociais, a presença sempre certa do caríssimo psiquiatra e blogueiro  Rogelio Casado


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A "pisada na bola" israelense…

Fotomontagem by Brown Sugar

Que a situação do oriente médio é complicada, todo mundo sabe…, assim como, que o Estado de Israel vive em constante tensão ao tentar sobreviver cercado de vizinhos árabes não muito simpáticos à sua existência  também é fato… .

A relação com os palestinos é tumultuada e com um pouco mais de boa vontade dos dois lados, poderia ser uma convivência muito melhor…; a faixa de gaza tem sido alvo frequente de toda sorte de  ataques israelenses, que sempre ocorrem  mediante alegada necessidade de  auto-defesa/revide aos ataques de fundamentalistas palestinos.

O bloqueio econômico à região, com o controle total do acesso terrestre, aéreo e marítimo por Israel, só tem agravado a situação de penúria da população local.

Na tentativa de tentar levar ajuda humanitária, ONGs tem tentado" furar" o bloqueio.

A última tentativa foi um comboio com 6 navios com 750 ativistas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária, chamado de "Frota da Liberdade" com navios gregos e turcos,  mas comandos da marinha israelense abordaram e invadiram alguns do navios quando estavam a 70/80 milhas da costa, portanto ainda  em águas internacionais (por normas internacionais o controle marítimo territorial  total se aplica a apenas 20 milhas…) , ou seja, Israel através de sua marinha cometeu um ato de "pirataria deslavada"  ao atacar o comboio em alto-mar, pior , causando a morte de 10 a 19 ativistas  humanitários estrangeiros  e ferimentos em mais 30.

Enquanto Israel cometia atrocidades contra civis dentro de "seus" territórios questionados e/ou também ocupados por "insurgentes", apesar  de condenável, ainda restava o "benefício da dúvida"  e a desculpa das "baixas periféricas não-intencionais" ;  já invadir navios estrangeiros, matar  e ferir ativistas humanitários em alto-mar, não tem qualquer desculpa "aceitável"…, essa foi uma "pisada na bola" que vai custar muito caro para a imagem e posição de Israel frente a comunidade internacional.

Se o embargo à faixa de Gaza  e as atrocidades impingidas aos palestinos já não encontravam apoio internacional (exceto pelos EUA), agora é que a pressão pela queda se fará sentir mais pesadamente.