Hoje no jornal A Crítica saiu notícia sobre uma intolerância religiosa praticada por um padre na zona leste de Manaus, contra 4 integrantes das religiões de matrizes africanas que foram até a igreja pedir uma benção, ato que pessoalmente acho anacrônico, mas faz parte da tradição de iniciação.
Ocorre que a Igreja católica há muito não tem relação de discriminação com as religiões de matrizes africanas, pelo contrário, o respeito e acolhimento mútuo tem sido cada vez maior (até porque a esmagadora maioria dos adeptos das matrizes africanas são batizados e passaram por quase todos sacramentos da igreja católica) na há ou não deveria haver “antagonismo insuperável” entre católicos e afroreligiosos.
No entanto ainda temos sacerdotes e principalmente fiéis que ignoram isso e como de costume as caixas de comentários nos enchem de vergonha pela ignorância e intolerância registradas. Vejam e entendam, os tempos mudaram:
Estreiou simultâneamente (com 120 ou 160 cópias) em todo o Brasil na ultima sexta feira de outubro, o longa-metragem do diretor João Daniel Tikhomiroff sobre o lendário Besouro Mangangá (Manoel Henrique Pereira 1897-1924, um herói da capoeira que se tornou uma "lenda viva", cantado e referenciado até os dias de hoje pelos seus praticantes), Besouro é clara e assumidamente um filme de ação e ficção (mas inspirado em uma história real) ambientado no Recôncavo baiano dos anos 20 do séc. passado .
Besouro, antes mesmo da estréia, já tinha tudo para ser um marco da cinematografia nacional:
Primeiro, pelo tema que envolve além da capoeira, vários outros elementos da cultura e estética afrobrasileira como os Orixás do Candomblé (além de uma crítica histórico-social muito importante no momento em que a população negra busca resgatar não apenas seus valores culturais, estéticos e a auto-estima, mas principalmente sua cidadania plena através das AA) ;
Segundo, pela introdução de um "super-heroi" brasileiro e negro…, bem como pelas cenas com efeitos especiais fantásticos não apenas nas lutas (ao estilo dos filmes de artes marciais orientais, Matrix e outros do gênero), mas também na fase da "evolução" de Besouro, que introduzem uma linguagem cinematográfica inédita no Brasil;
Terceiro, pelo custo (10 milhões de Reais) e o trabalho de divulgação prévia feito basicamente pela internet, ; só pelo trailer (visto na web mais de 500.000 vezes), pelo site do filme (tem como música de fundo um toque com berimbaus impressionante) e pelo blog ( que permitiu o acompanhamento da produção desde antes do início das filmagens) já se pode ter uma idéia do que esse filme significa no contexto nacional… e arrisco desde já uma "profecia" …, vai estar na próxima festa do OSCAR…, e com grandes chances de trazer a estatueta de melhor filme estrangeiro.