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Voto negro no Brasil

Escala proporcional de tempo – Maria Vitória di Bonesso

O assunto aqui é rápido. Fizeram uma ilustração para dar uma dimensão da história e avanços legais dos negros no Brasil, logo apareceu um monte de gente (especialmente branca) reclamando que o gráfico estava errado e que “nunca houve” lei que impedisse o voto dos negros, principalmente após a abolição e o início da República.

Entendam que o racismo no Brasil sempre foi eficiente e nem sempre aberto… quando se fala em voto negro em 34, se está falando do voto realmente livre e generalizado. Muito embora desde a Constituição de 1824 em tese homens livres fossem iguais , a coisa não era bem assim:

1- Escravos não votavam, todos eram negros…

2- Ex-escravos, ou seja, os libertos não tinham direito ao pleno voto, só ao voto primário, nem podiam ser votados.

3- Os negros nascidos livres podiam em tese votar e serem votados, mas o voto censitário colocava uma barreira de renda que eliminava praticamente todos eles.

4- Com o fim da escravidão e o início da República enfim todos pareciam em tese livres e eleitores, mas o voto ainda era proibido aos menores, aos soldados, as mulheres e aos analfabetos (cuja esmagadora maioria era negra) em 1890 o Brasil tinha coisa de 12,2 milhões de habitantes maiores de 5 anos, pouco mais de 9 milhões eram pretos e pardos, os analfabetos coisa de 10 milhões (82%), fácil concluir que entre os pouco mais de 2 milhões de alfabetizados poucos eram negros… . Em 1940 o Brasil tinha 23,7 milhões de habitantes, os analfabetos eram coisa de 13,2 milhões (61%), enquanto negros eram 14,7 milhões (62%) da população. Percebe-se que mesmo após 1934 a população negra supera em pouco mais de um ponto percentual a analfabeta e não eleitora, não quer dizer que não houvessem negros alfabetizados e eleitores e não-negros analfabetos e não eleitores, mas que sob o critério do analfabetismo praticamente se excluia eleitoralmente quase toda a população negra. Assim é a desigualação racial no Brasil, o motivo é sempre “outro” que não o racial, mas os alvejados…

(Dados do IBGE)

5- Isso permaneceu durante toda república velha até os anos 30, quando as mulheres ganham o direito ao voto, mas os analfabetos não… . Até então havia também outro dispositivo que dificultava a participação política negra, a necessidade que os políticos eleitos fossem “confirmados” pelas casas legislativas, isso excluiu vários candidatos negros vencedores de assumirem mandatos, na prática “anulando” os votos de seus eleitores óbvia e majoritariamente negros… . Foram embarreirados nomes como Eduardo Ribeiro, eleito Senador pelo Amazonas em 1897 e Manoel da Motta Monteiro Lopes, eleito e não confirmado duas vezes seguidas, só logrando tomar posse como Deputado Federal pelo então Distrito Federal em 1909, após mover uma campanha nacional e internacional pelo seu reconhecimento. Monteiro Lopes foi objeto da minha dissertação de mestrado.

Depois da CF de 1934 o voto se “universaliza”, apesar de ainda excluir os analfabetos cuja maioria era negra, já não se restringia e “anulava” a posteriori a vontade do negros com status de eleitor.

É importante ao se discutir e principalmente antes de negar a histórica obstaculização negra brasileira e “corrigir” as manifestações de pesquisadores e ativistas, entender de onde vem seus argumentos e critérios, simplesmente dizer que “nunca houve lei” ou “impedimento explícito” é desconhecer e menosprezar a realidade.

P.S Sei que alguns vão reclamar que o título remete à uma análise não apenas histórica da evolução do direito de voto, mas à uma análise de como se deu e dá a construção e alcance do voto negro. Tudo bem, é possível, mas em outra ocasião… .


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Voto distrital, entenda o que é…

voto-distrital
Por falar em reforma política, um dos elementos dela de importante atenção para todos é a questão do voto distrital…, é vantagem ou “vilão” ?
recomendo sobre o assunto esse Podcast do sempre sensato Jornalista Kennedy Alencar da CBN.

http://cbn.globoradio.globo.com/Player/player.htm?audio=2015/colunas/kennedy_150505&OAS_sitepage=cbn/comentarios/


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Meus 6 motivos para não votar no PSDB (principalmente em Manaus)

Imagem “emprestada” do “Blog da Coroa”

Motivo nº 1-  O PSDB é um partido que está na contra-mão dos interesses populares, sempre se aliando à todos que defendem os interesses das classes abastadas, não quero a administração da cidade que vivo na mão desse pessoal .

Motivo nº 2- O PSDB é inimigo de quem tem se mostrado amigo e parceiro do povo (principalmente do amazonense), se não estamos na mesma crise que os EUA e os Europeus é porque desde 2003 ele (o PSDB) não está no poder central, se tanta coisa boa tem ocorrida nos últimos anos no país, no nosso estado e na nossa cidade idem .

Motivo nº 3- O PSDB é inimigo da Zona Franca de Manaus, agora mesmo tem caciques do partido em SP tentando novamente prejudicar a ZFM (vide nova ADI), quem não concorda com isso já deveria ter saido do partido, se não saiu é porque prefere a parceria  dos inimigos da ZFM, e os inimigos da ZFM não são meus amigos, nem do povo de Manaus, nem levam meu voto.

Motivo nº 4 – O PSDB é aliado do DEM, partido que tem demonstrado ser pró-ruralistas, anti-reforma agrária, anti-indígenas, anti-quilombolas , anti-código florestal, ou seja, anti-povo.

Motivo nº 5 – São os “tucanos” que quando estão no poder, agem com arrogância e TRUCULÊNCIA  contra os que por desventura lhes causem “embaraços”  aos seus planos nada populares, mas isso é filme antigo…, vai uma reprise ai ?

Motivo nº 6 – SOU NEGRO, nunca poderia votar em partidos que de tudo fizeram para tentar impedir conquistas efetivas da população negra em prol de uma igualdade efetiva e não meramente formal, como a “tesourada” no ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL, ou através da campanha contra a aprovação das cotas universitárias, contra a regularização das terras quilombolas entre outras coisas.

Enfim, tiro no pé eu não dou…, entre o mal conhecido e a esperança do bem  ainda não testado, vou pela segunda opção… .