Blog do Juarez

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DNA como “definidor” de origem, questionamentos

Tenho altas reservas quanto a questão dos testes de DNA como “definidor” de origem, por vários motivos:

1º Porque o teste é de matrilinhagem, ou seja, indica marcadores de origem da ancestral mais antiga (milhares de anos atrás).

2º Isso desconsidera as migrações em África, as contribuições genéticas paternas, a miscigenação interafricana, ou seja, o fato de ter a ancestral mais antiga com marcadores equivalentes a uma determinada população, não indica que aquela população se encontrava originalmente naquele território ou que não tenha tido miscigenação com outros grupos, muito menos, que ao serem traficados para a diáspora os ancestrais majoritariamente estivessem ainda naquele grupo.

3º Desconsidera que já na diáspora a miscigenação entre africanos e entre descendentes continuou, ou seja, pouquíssimo provável encontrar um descendente de africanos na diáspora, que não tenha de fato múltiplas origens étnicas (isso só pela parte africana, sem contar a europeia e indígena).

Ou seja, é ilusão achar que o teste genético te remete “à sua origem”, na verdade te remete a uma das muitas origens, mas não todas e muito menos serve para te “excluir” destas; ainda vejo como mais relevante o contexto histórico geográfico dos grandes grupos desembarcados em determinadas regiões X a relação familiar com essas regiões.

Em suma, se fosse para um afrobrasileiro ter direito a reivindicar uma segunda nacionalidade africana, deveria ficar em aberto para escolher entre os diversos países de onde se traficaram escravizados, lembrando que nem todos provinham da mesma região em que foram embarcados, mas pelos grupos étnicos que chegaram dá para saber aonde se encontram atualmente em África.

Eu por exemplo sou de família mineira, afromineiros são predominantemente de origem Bantu (de Angola ou de Moçambique), fiz “o teste do visual” in loco, quando morei em Moçambique, sou tão visivelmente Bantu que fui “perdido” no aeroporto na chegada, por me acharem moçambicano e terem me ignorado, ninguém me notava estrangeiro até eu abrir a boca, até a polícia local me abordava como a qualquer um pedindo documento de identificação na língua local, ficavam espantados quando descobriam que eu era brasileiro… .

Detalhe, os africanos sabem muito bem reconhecer grupos étnicos diferentes dos seus próprios, ou seja, um nigeriano “não se passa” por moçambicano, nem um senegalês é visualizado como angolano.

Ver matéria que deu origem à reflexão:

Versão cinematográfica da série de TV e do projeto de mesmo nome, o documentário “Brasil: DNA África” mostra um passo fundamental na recuperação…
www1.folha.uol.com.br


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Novo Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique

Com o Prof Dr.  Jorge Ferrão no VIII COPENE

Com o Prof Dr. Jorge Ferrão no VIII COPENE

Moçambique é um pais muito legal, onde morei e lecionei uma temporada e conheci também muita gente bacana, quando encontro Moçambicanos pelo mundo é como encontrar  velhos conhecidos “conterrâneos”, Dr Jorge Ferrão é um desses, já que temos vários conhecidos em comum ligados ao mundo da Educação lá e aqui, agora  com o novo governo tomando posse ele é o novo Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique (houve modificação na estrutura dos ministérios e o Desenvolvimento Humano foi agregado ao  Educação (básica),   já a Educação Superior e  a Técnica/Tecnológica é atribuição do Ministro da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, no Brasil também está para ficar assim…), quem conhece um pouco sobre Educação moçambicana, as peculiaridades de desenvolvimento e sobre a visão e atuação do Dr. Ferrão, sabe que devem haver bons avanços e muita  integração, o que é bom não apenas para o povo moçambicano, como para o africano em geral e também para as relações com a Educação brasileira e as questões e programas sociais, podem aguardar interessantes parcerias e estreitamento de relações entre os dois países nessas áreas. Parabéns Dr. Jorge Ferrão ! estamos na torcida.

Mais detalhes: http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/51395-nyusi-nomeia-ministros-e-vice