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Mozart não era Negro (ou quando neoativistas queimam o filme)

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Tem um pessoal por ai que se diz ativista de movimentos negros (ou melhor, de “movimentos pretos”…) prestando tremendo desserviço, não vá na deles. 

Há uma página sendo muito disseminada entre jovens ativistas e simpatizantes da causa negra, que tem como característica fazer um eurocentrismo avesso, ou seja, assim como é comum e “tradicional” o branqueamento de figuras históricas, os mantenedores da página na intenção de pretensamente combater esse branqueamento, acabam por passar por cima e até forjar “evidências” tentando “enegrecer” quem nunca foi negro… . 

O caso mais gritante é o de Mozart. Tudo começa quando lá por 2010 ou 2011, o editor da revista Pride, dedicada à comunidade africana e caribenha do Reino Unido, afirma ser evidente a existência de um complô com a finalidade de ocultar a origem negra de Beethoven. Shabazz Lamumba, autor do artigo, afirma se tratar de um desejo dos brancos em se apropriar do compositor. Ai, algum iletrado que aparentemente  mal domina o idioma inglês, ou então muito mal intencionado, a partir  disso e de uma antiga campanha, feita para o lançamento de um novo programa (de Jazz)  em uma rádio belga (Rádio Klara) especializada em clássicos em que Mozart aparecia “black” (obra de photoshop), resolveu tomar como “verdade” que Mozart era “mouro” ou negro.  Não era. 

Imagem alterada de Mozart para a campanha da rádio Klara.

Para piorar, mistura o caso com o de Joseph Bologne, também conhecido como  Chevalier de Saint Georges.  Esse sim um negro, filho de um nobre francês com uma escrava  que tinha no Caribe ( Nanon, da ilha de Gadaloupe) . Incrivelmente o nobre assumiu o filho (e discretamente a mãe) quando teve que retornar as pressas para a França, educando-o com o que havia de melhor. 

Joseph Bologne tornou-se um exímio esgrimista e mestre da música, tão bem sucedido e famoso em sua época,  que acabou por inspirar Mozart. Hoje muitos se referem a ele como “Black Mozart”, “Mozart noir” ou “Mozart negro” (mesmo tendo sido ele o “inspirador” não o inspirado)…

Portanto meus caros e minhas caras, não seria preciso “forçar a barra” intentando tornar Mozart negro, para fins afirmativos, quando já se tem um real negro entre os mestres da música clássica, que inclusive inspirou o mestre Mozart… . Tiro no pé, pura e simesmente.

Melhor seria divulgar a pouco conhecida história de Joseph Bologne… (link abaixo)

http://pqpbach.sul21.com.br/2016/01/25/joseph-bologne-chevalier-de-saint-georges-1747-17992-concertos-do-violinista-negro-que-influenciou-mozart/

Autor: Juarez Silva (Manaus)

Analista de T.I, Prof. Universitário, Tít. de Especialista em Educação a Distância (Univ. Católica de Brasília), Certificação em História e Cultura africana e afrobrasileira (FINOM-MG) e em Direitos Humanos e Mediação de Conflitos (SEEDH- Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República), Mestre em História Social pela UFAM - Universidade Federal do Amazonas, Ex-Conselheiro Estadual de DH; Analista Judiciário do Quadro efetivo do Tribunal de Justiça do Amazonas. Ativista dos Movimentos Negros. Certificado em Blockchain e Criptmoedas pela ONE EDUCATION London e Desenvolvimento Sustentável pelo IBMI Berlin.

Um pensamento sobre “Mozart não era Negro (ou quando neoativistas queimam o filme)

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